A Santa Casa de Porto Alegre decidiu, na sexta-feira (27), retomar parcialmente cirurgias e atendimentos eletivos a partir desta segunda (30). Até então, a instituição estava com processos assistenciais suspensos por causa da pandemia do coronavírus.
Em entrevista ao programa Gaúcha+, o diretor médico e de ensino e pesquisa da entidade, Antonio Nocchi Kalil, explicou que essa medida se deu porque diversos outros pacientes, espacialmente os que têm doenças crônicas, estavam necessitando de atendimento.
— Nós notamos que, com o passar dos dias, um número muito grande de pacientes, especialmente portadores de doenças crônicas, estava necessitando de atendimento mais frequente. Estamos falando de oncologia, de transplantes, de cardiologia, de pneumologia, de pré-natal. Então, em todas essas áreas, nós estamos promovendo um atendimento bem importante para esse grupo de pacientes. E para outras áreas, estamos possibilitando a abertura de ambulatórios. Temos um número de consultas para oftalmologia, para otorrino, para dermato, para situações específicas nas outras áreas.
Ouça, abaixo, a entrevista na íntegra:
Os pacientes que são resguardados pelo município, via Sistema Único de Saúde (SUS), devem marcar a consultas através da Secretaria de Porto Alegre. Aqueles que têm convênio ou realizam procedimentos particulares precisam agendar um horário através da marcação de consultas da Santa Casa.
Quem teve atendimento cancelado, porém, não necessariamente conseguirá remarcar. De acordo com Kalil, o processo de escolha dos pacientes não é da competência da Santa Casa e passa por critérios técnicos.
— Isso é a secretaria do município que está regulando. Como houve esse período sem marcação, eles estão vendo os casos com mais necessidade e fazendo uma reorganização. Não estão liberadas todas as cirurgias eletivas. Nós estamos, de acordo com as equipes médicas, realmente vendo a necessidade dos procedimentos, de acordo com possibilidade de complicações das doenças, com a necessidade de UTI. Tudo isso é levado em conta — explicou.
A ação foi tomada após acordo da secretaria do município, a qual, de acordo com o médico, vem solicitando desde o dia 19 de março que o hospital tenha possibilidade de atender esses pacientes.
— Não significa que estamos desprezando a pandemia da covid-19, mas realmente, o que se observa, é de que há essa necessidade de se manter os tratamentos dos pacientes que podem, também relativamente a curto prazo, acabar enchendo as nossas emergências e acabar provocando problemas num momento em que a pandemia da covid-19 esteja em um ponto mais alto — afirmou.
O diretor médico afirmou que o o Hospital Pereira Filho está encarregado de realizar os atendimentos a pacientes com coronavírus. A instituição conta com 20 leitos de UTI. A ideia, contudo, é ampliar esse número caso haja progressão da doença.
Kalil explicou que há um projeto para utilizar outras áreas de hospital, o que pode aumentar o número de leitos para cerca de 100. A proposta já foi repassada para um grupo de empresários e para a secretaria municipal.