O ministro da Economia, Paulo Guedes, reafirmou sua permanência no governo e garantiu que o país deverá receber uma “onda de investimentos” em prazo de quatro a cinco meses, passada a fase mais crítica da pandemia de coronavírus, graças a um cenário de juro baixo e câmbio elevado. O ministro procurou transmitir otimismo em uma teleconferência realizada neste sábado (28), mas não arriscou um palpite sobre até quando deve ir o período mais restrito do isolamento social no Brasil.
— Em três, quatro meses, vamos avançar com as reformas estruturantes, e o Brasil será o primeiro país a sair dessa confusão. Estamos em isolamento agora, vamos amortecer a primeira onda da (crise de) saúde, manter aberta a organização produtiva e ir desregulamentando, aprofundando as (reformas) estruturantes. Em quatro, cinco meses, vem uma onda de novos investimentos — declarou o ministro na live destinada a dialogar com investidores e acompanhada por cerca de 50 mil pessoas via internet.
Paulo Guedes aposta em uma combinação de juro baixo e câmbio ao redor dos R$ 5 para prever a retomada da aplicação de recursos privados em áreas como concessões e privatizações, saneamento, rodovias e ferrovias, petróleo, cabotagem, entre outras.
A ausência de aparições públicas nos últimos dias vinha despertando desconfiança no mercado em relação à permanência de Guedes no governo. O economista garantiu que fica no comando da pasta:
— Conversa fiada total. Não tem esse negócio de sair. Como vou sair nesse momento?
O ministro procurou acalmar empregados e empresários durante o período de turbulência mais intensa decorrente da pandemia:
— Não vamos deixar nenhum brasileiro para trás. São milhões de brasileiros que nunca pediram nada e agora não conseguem vender na rua porque não tem carro passando. O auxílio para eles levará R$ 50 bilhões.
Guedes estimou que o valor total injetado na economia nos próximos meses por meio de diferentes ações poderá chegar a R$ 750 bilhões — valor ainda maior do que os R$ 600 bilhões que vinham sendo mencionados em Brasília.
O ministro também fez referência a medidas destinadas a aliviar o impacto da covid-19 na área da saúde. Ele revelou que o governo já negociou com quatro fabricantes nacionais a elevação da capacidade de produção de ventiladores respiratórios de 250 para mil por semana. O necessário, segundo estimativas governamentais, seria atingir o patamar de 1,4 mil semanais para fazer frente ao vírus.
Outra medida será a aquisição maciça de testes para, segundo Guedes, poder mudar o modelo de enfrentamento da pandemia e passar de um isolamento mais generalizado para restrições mais focadas nos grupos de risco. Para isso, convocou empresas a doarem exames ao sistema público de saúde.
— A Ambev anunciou que vai comprar um milhão de testes. Esse sistema (de testagens em massa) funcionou bem na Coreia e no Japão — disse Guedes.
O governo também está procurando reforçar a produção de álcool gel, afirmou o ministro. Perguntado sobre qual o prazo para o afrouxamento do isolamento social no país, preferiu não arriscar uma data e deixar esse tema para o Ministério da Saúde. Mas avaliou:
— Se conseguirmos manter algumas linhas (de produção e transporte) abertas, o isolamento pode ser um pouco maior. Mas se o isolamento for total por muito tempo, pode ser uma catástrofe.
Ao final, voltou a deixar uma mensagem de otimismo:
— Vamos sair mais humanos e melhores do outro lado (da crise). Em barco que está afundando, a briga é destrutiva.