A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou, nesta terça-feira (11), que há uma "chance realista de parar" a disseminação no mundo do coronavírus, a partir de agora oficialmente chamado "COVID-19".
— Se investirmos agora, temos uma chance realista de interromper esta epidemia — disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, durante uma conferência de imprensa em Genebra.
No evento, ele anunciou que, de agora em diante, o novo coronavírus será chamado de COVID-19 – nomenclatura que substituirá o nome provisório estabelecido anteriormente "2019-nCoV".
COVID-19 foi escolhido por ser "fácil de pronunciar" e não ter referência "estigmatizante" à China. "CO" significa corona, "VI" é vírus e "D" foi escolhido pela palavra "doença". O número 19 indica o ano de sua aparição, 2019. A transcrição oficial da OMS coloca todas as letras maiúsculas.
Cerca de 400 cientistas de todo mundo iniciaram uma reunião de dois dias nesta terça-feira (11) para intensificar a luta contra a doença. Na abertura da conferência, Tedros descreveu a epidemia como "uma ameaça muito séria" para o mundo, solicitado a países e cientistas a intensificar os esforços e a coordenação para superá-la.
Ele também observou que "os vírus pode ter consequências mais poderosas do que qualquer ato terrorista".
Mais de 42,6 mil pessoas foram infectadas na China continental e pelo menos 1.016 delas morreram.
Fora da China continental, o vírus matou duas pessoas (uma nas Filipinas e uma em Hong Kong) e mais de 400 casos foram confirmados em cerca de 30 países e territórios.
O chefe da OMS também expressou o medo de ver a epidemia se espalhar para países com meios de saúde frágeis.
— Se o vírus entrar em um sistema de saúde mais fraco, pode causar caos — disse Ghebreyesus.
O Brasil segue sem caso confirmado de coronavírus, e o número de suspeitos caiu de 12 para sete, anunciou na tarde de segunda-feira (10) o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. No Rio Grande do Sul, os casos investigados diminuíram de três para um.
Saiba mais sobre o coronavírus
De que forma surgiu o surto atual?
A origem ainda não está elucidada. Acredita-se que a fonte primária do vírus seja animal, provavelmente oriunda de um mercado de frutos do mar e animais selvagens vivos – como morcegos – em Wuhan.
A transmissão do coronavírus acontece entre humanos?
Sim. Alguns coronavírus são capazes de infectar humanos e podem ser transmitidos de pessoa para pessoa pelo ar, por meio de tosse ou espirro; pelo toque ou aperto de mão; ou pelo contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido do contato com a boca, o nariz ou os olhos. Contudo, ainda não está claro com que facilidade o novo coronavírus é transmitido de pessoa para pessoa.
O que faz
Quais são os sintomas de uma pessoa infectada pelo novo coronavírus?
Os sintomas incluem febre, tosse e dificuldade respiratória. De acordo com a OMS, a maioria dos infectados com o novo coronavírus desenvolve sintomas semelhantes aos da gripe e cerca de 20% progridem para doenças mais graves, como pneumonia e insuficiência respiratória. Crianças pequenas, pessoas com mais de 60 anos e pacientes com condições que comprometem a imunidade estão mais suscetíveis a manifestações mais graves.
Qual é a letalidade do novo coronavírus?
A estimativa inicial é de que a letalidade seja de 2% a 3%, ou seja: a doença mataria em torno de três pessoas a cada cem infectadas. Esse índice é inferior aos registrados em outros dois coronavírus, a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars, na sigla em inglês) e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers, na sigla em inglês). A epidemia de Sars registrou 774 óbitos em todo o mundo, com 8.096 casos entre 2002 e 2003. A taxa de letalidade foi de 9,5%. Já a epidemia de Mers notificou 858 óbitos dos 2.494 casos registrados em 2012, demonstrando uma taxa de letalidade de 34,4%.
Como se proteger
Existe um tratamento para o novo coronavírus?
Não há um medicamento específico. Aos pacientes infectados, indica-se repouso e ingestão de líquidos, além de medidas para aliviar os sintomas, como analgésicos e antitérmicos. Nos casos de maior gravidade, com pneumonia e insuficiência respiratória, podem ser necessários suplemento de oxigênio e mesmo ventilação mecânica.
Posso tomar um antibiótico para prevenir contra o novo coronavírus?
Não. Antibióticos não são indicados nem para prevenção nem para tratamento, pois não agem contra vírus, somente bactérias.
Existe uma vacina para o novo coronavírus?
Como a doença é nova, não há vacina até o momento. Contudo, as autoridades chinesas divulgaram seu código genético rapidamente e laboratórios já estão estudando como criar uma imunização aplicável em escala global. Cientistas esperam ter uma vacina pronta para testar em humanos no início de junho.
Tomei a vacina contra a gripe. Estou protegido contra o novo coronavírus?
Não. A vacina da gripe protege somente contra o vírus influenza.
Como reduzir o risco de infecção pelo novo coronavírus?
- Evitar contato próximo com pessoas com infecções respiratórias agudas.
- Lavar frequentemente as mãos por pelo menos 20 segundos, especialmente após contato direto com pessoas doentes ou com o ambiente em que elas estiveram, e antes de se alimentar. Se não tiver água e sabão, use álcool em gel 70%, caso as mãos não tenham sujeira visível.
- Usar lenço descartável para higiene nasal.
- Cobrir o nariz e a boca ao espirrar ou tossir.
- Evitar tocar nas mucosas dos olhos.
- Higienizar as mãos após tossir ou espirrar;
- Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas;
- Manter os ambientes bem ventilados;
- Evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações.
Qual é a orientação diante da detecção de um caso suspeito?
Os casos suspeitos devem ser mantidos em isolamento enquanto houver sinais e sintomas clínicos. Pacientes devem utilizar máscara cirúrgica a partir do momento da suspeita e ser mantidos preferencialmente em quarto privativo. Qualquer pessoa que entrar no quarto de isolamento ou em contato com o caso suspeito deve utilizar equipamentos de proteção individual, preferencialmente máscara N95, nas exposições por um tempo mais prolongado, ou então máscara cirúrgica, em exposições eventuais de baixo risco. Além disso, recomenda-se o uso de protetor ocular ou protetor de face, luvas e capote/avental. Todo caso que se enquadrar na definição de suspeito para o novo coronavírus deve ser notificado o mais rápido possível para as autoridades de saúde.