A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou nesta sexta-feira (17) que a falta de novos antibióticos está ameaçando a luta contra a disseminação de bactérias resistentes a medicamentos, as quais matam dezenas de milhares de pessoas todos os anos.
A agência especializada da Organização das Nações Unidas (ONU) publicou dois novos relatórios sobre a falta de novos antibióticos em desenvolvimento.
— A ameaça de resistência antimicrobiana nunca foi tão imediata, e a necessidade de soluções, mais urgente — disse o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, citado em um comunicado.
— Existem muitas iniciativas em andamento para reduzir a resistência, mas também precisamos que os países e a indústria farmacêutica se envolvam e forneçam financiamento e novos medicamentos inovadores — acrescentou Ghebreyesus.
A resistência aos antibióticos (o fato de que certas bactérias acabam se tornando resistentes a eles) é considerada uma ameaça pela OMS, que teme que o mundo esteja caminhando para uma era na qual infecções comuns podem começar a matar novamente.
Cerca de 33 mil pessoas morrem todos os anos na Europa devido a infecções resistentes a antibióticos, de acordo com dados europeus. Nos Estados Unidos, estas mortes são estimadas em quase 35 mil.
— Vemos que está se espalhando e que estamos ficando sem antibióticos eficazes contra essas bactérias resistentes — disse Peter Beyer, do Departamento de Medicamentos Essenciais da OMS, durante uma coletiva de imprensa em Genebra. — É uma das maiores ameaças à saúde que identificamos.
Descobertos na década de 1920, os antibióticos salvaram dezenas de milhões de vidas, combatendo efetivamente doenças bacteriológicas como pneumonia, tuberculose e meningite. Ao longo das décadas, porém, as bactérias mudaram para resistir a esses medicamentos.
As bactérias podem se tornar resistentes quando os pacientes usam antibióticos dos quais não precisam, ou não concluem o tratamento. Com isso, dão às bactérias a chance de sobreviver e desenvolver imunidade.
Para combater essa resistência, a OMS pede o desenvolvimento de novos antibióticos, mas esse processo é complicado e caro. Segundo a organização, os 60 novos medicamentos que estão sendo desenvolvidos, incluindo 50 antibióticos para tratar patógenos, "trazem poucas vantagens em relação aos tratamentos existentes, e apenas dois têm como alvo as bactérias mais resistentes".
Outros medicamentos mais inovadores estão em fase pré-clínica. Dos últimos 252 medicamentos, os mais avançados não estarão disponíveis antes de 10 anos, completou a OMS.