O Hospital Municipal Getúlio Vargas, de Estância Velha, no Vale do Sinos, deixará de realizar partos. O anúncio oficial ocorreu ontem, em reunião com a secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann. O serviço de obstetrícia da instituição era referência para mais quatro municípios da região.
A partir de novembro, gestantes de Estância Velha serão encaminhadas para o Hospital Centenário, em São Leopoldo. Casos de urgência, porém, ainda poderão ser atendidos no Getúlio Vargas, e o acompanhamento pré-natal será realizado na íntegra na rede de saúde de Estância Velha.
Conforme a prefeita, Ivete Grade, a decisão de suspender os partos no município foi motivada pela falta de infraestrutura da ala obstétrica. No ano passado, um incêndio atingiu a parte elétrica do local.
Além disso, o hospital não conta com um centro para partos normais, apenas bloco cirúrgico destinado a cesarianas.
— Quando a gente pensa em tirar algo que já é conquistado, dói. E vocês imaginam como doeu em mim. Mas, quando me apresentaram os números e a realidade estrutural em que o nosso hospital se encontra, percebi que não temos mais condições de manter. Daqui a um ano ou dois, podemos reaver, mas, no momento, não temos condições – afirmou Ivete.
Cobrando do governo do Estado repasses
De acordo com Arita, a decisão de Estância Velha foi acordada com o governo do Estado. O valor que era repassado ao município deverá ser encaminhado a São Leopoldo, que passará a ser referência obstétrica para as cidades de Ivoti, Lindolfo Collor, Presidente Lucena e São José do Hortêncio.
– É uma decisão centrada em um conjunto de fatores, entre eles, a questão dos espaços. Quero anunciar que, tão logo a Coordenadoria Geral de Saúde aprove o projeto arquitetônico, voltaremos a Estância Velha para assinar, ainda neste ano, o convênio no valor de R$ 182 mil para o município poder viabilizar essa nova área — prometeu a secretária estadual da saúde.
Apesar do anúncio da ampliação da referência em maternidade do Hospital Centenário — hoje restrita a Portão —, a prefeitura de São Leopoldo informou, em nota, que “não há nenhuma formalização dessa ampliação e, sim, uma discussão sendo feita a respeito”.
O texto acrescenta ainda que a administração municipal e o hospital “continuam cobrando do governo do Estado repasses mais justos com os atendimentos realizados, que, somados, hoje chegam a apenas R$ 255 mil mensais, representando apenas 3% da despesa mensal” da instituição.