Após o diagnóstico do terceiro caso de ebola na cidade fronteiriça de Goma, na República Democrática do Congo (RDC), as autoridades da vizinha Ruanda fecharam a fronteira com o país nesta quinta (1º) para todas as pessoas, exceto para cidadãos congoleses que saem de Ruanda.
O ministro do Exterior de Ruanda, Olivier Nduhungirehe, disse à agência Reuters por telefone que a divisa foi fechada na cidade de Ruanda mais próxima à Goma, Gisenyi. "Por uma decisão unilateral das autoridades ruandesas, os cidadãos ruandeses não podem seguir até Goma, enquanto os congoleses podem sair de Gisenyi, mas não podem voltar", afirmou um comunicado da presidência da RDC.
A filha de um paciente de ebola em Goma, capital da província de Kivu do Norte, foi diagnosticada com o vírus nesta quarta (31), mesmo dia em que o segundo paciente da doença na cidade morreu.
A confirmação do terceiro caso em Goma aumentou os temores de que o vírus possa se enraizar no município, que tem cerca de 1 milhão de habitantes e fica situado a mais de 350 quilômetros ao Sul de onde o surto foi detectado pela primeira vez, em agosto de 2018. De lá para cá, foram mais de 1,7 mil mortes pelo vírus ebola contabilizadas na RDC. Há entre 75 e 100 novos casos por semana. Até 18 de julho, foram confirmados 2.438 casos.
Depois que o primeiro caso de ebola foi confirmado em Goma em meados de julho, a OMS (Organização Mundial de Saúde) declarou a atual epidemia uma emergência internacional de saúde. Anteriormente, relutou em fazê-lo, em parte por temer que os países vizinhos à RDC pudessem fechar suas fronteiras.
Ao declarar a emergência, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse explicitamente que nenhum país deveria fechar fronteiras ou impor quaisquer restrições de viagem ou comércio. "As autoridades congolesas deploram essa decisão (de fechar a fronteira), que contraria o parecer da OMS" de combater o vírus, disse o comunicado da presidência congolesa.
Os esforços para a contenção da epidemia na RDC estão enfrentando uma série de obstáculos, entre eles a resistência de autoridades e da população às campanhas de vacinação, o foco considerado excessivo na doença e os conflitos no combate à moléstia com as tradições locais.
"É um sinal preocupante de que o surto claramente não está sob controle", afirmou em nota a organização Médicos sem Fronteiras.