Saúde

Doação de órgãos

"Precisamos criar uma cultura doadora no Estado", diz coordenador da Central de Transplantes do RS

Diálogo entre familiares é apontado como essencial para tomada de decisão, que pode salvar vidas

Coordenador da Central de Transplantes do Rio Grande do Sul, Ricardo Klein Ruhling acredita que criar uma cultura de doação, por meio do diálogo e do esclarecimento de dúvidas, é essencial. A família precisa estar de acordo com o procedimento para que ele seja realizado.

— A grande dificuldade é que, na imensa maioria das vezes, os familiares não conversam sobre morte e sobre doação. Acabam tendo de tomar a decisão no pior momento da sua vida. Diante de uma tragédia, da perda do familiar, tem de decidir sobre a doação. Quando já existe uma conversa prévia, a tomada de decisão fica mais fácil — afirma.

Dar atenção às famílias doadoras é uma das premissas do trabalho realizado pela Central de Transplantes, segundo o médico. Para isso, uma profissional é responsável por manter contato com os familiares e verificar se há necessidade de acompanhamento psicológico. Cerca de um mês após a doação, são repassadas informações sobre sexo e idade das pessoas que receberam os órgãos.

— A maioria dos familiares deseja saber o que aconteceu. E damos esse retorno sobre os órgãos captados. Não podemos e nunca fazemos a identificação — explica Ruhling.

No caso do menino Vitor Gabriel Berghann, morto após ser baleado em tiroteio no município de Cristal, na região sul do RS, o coordenador explica que duas crianças, de quatro anos e de um ano, e um adulto, de 69 anos, foram beneficiados. Eles receberam os rins e o fígado do garoto. O bebê de apenas um ano estava em situação grave.

— Foi uma benção para essa criança, que naquele dia entrou em situação de urgência. Temos grande respeito e agradecimento pelos familiares, que num momento de dor compreendem a importância dessa decisão — diz.

Sobre o número de órgão doados, o coordenador esclarece que de maneira geral as pessoas são capazes de doar oito órgãos. No entanto, o transplante só pode ser realizado após série de exames.

— Sabemos que, potencialmente, cada pessoa pode doar oito órgãos. Mas no momento dos exames verificamos que um determinado órgão não é possível. 

Ruhling afirma que a Central de Transplantes tem se preocupado em trabalhar a divulgação e o esclarecimento de dúvidas sobre doações. Isso para evitar que mitos impeçam a autorização do procedimento.

— Temos equipes técnicas e hospitais excelentes no RS. Falta as pessoas entenderem e conversarem a respeito. Precisamos criar uma cultura doadora no Estado. E, nesse contexto, ter uma postura de respeito e agradecimento a esses familiares é essencial.

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