O Ministro da Cidadania, Osmar Terra, participou do programa Timeline da Rádio Gaúcha na manhã desta segunda-feira (24) e afirmou não ter censurado o levantamento sobre uso de drogas no Brasil da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), como divulgado pelo The Intercept em março. Terra afirma que a Fiocruz é muito engajada na questão da liberação das drogas e que há um viés ideológico claro.
— Eu não censurei nada, eu quero o debate público e o debate científico dessa questão, eu quero ver na prática o que acontece com o ser humano que usa drogas, o que acontece com a família dele, como é uma epidemia. Nós estamos vivendo uma epidemia — disse.
Contra a liberação, o ministro comenta que cerca de 25% da população é muito vulnerável à dependência química e que quem se torna dependente tem problemas pro resto da vida. Além disso, Terra defende que a liberação não reduziria o índice de violência.
— Não adianta legalizar a maconha pra reduzir a violência. Ela aumenta. Legalizar vai aumentar o número de pessoas doentes e não vai reduzir a violência, vai aumentar, inclusive, porque vai ter mais gente com doença mental andando na rua.
Terra argumenta que o maior fator que gera violência é a doméstica, e que a causa mais frequente é o uso do álcool, que é uma "droga legalizada".
— Se o álcool produz tanta violência doméstica, liberando a maconha, a cocaína, vai aumentar essa violência. Quanto mais gente com transtorno, mais risco de ter violência — afirma.
Segundo o ministro, o crime organizado "não precisa de drogas ilícitas para se organizar, ele se organiza em cima de várias coisas", e que hoje o tráfico de cigarro ilegal dá mais lucro do que a maconha para o crime organizado. Terra cita que 40% do cigarro consumido no Brasil é do crime organizado. O ministro usa o exemplo do Uruguai, comentando que lá a venda de droga ilícitasocorre nas "esquinas", e que o país aumentou 45% o número de homicídios.
— O problema é a nossa juventude que está sendo dizimada, está com índice altíssimo de consumo de drogas e estão sendo enganadas, inclusive pela imprensa e pelas pessoas que defendem a liberação. Teve um número especial da Superinteressante só para dizer as maravilhas da maconha — comenta. — O que temos que fazer é ter leis que botem na cadeira por mais tempo o traficante para diminuir a oferta de drogas na rua — completa.