Um bebê concebido com o DNA de três progenitores diferentes nasceu na Grécia, segundo uma técnica controversa utilizada pela primeira vez para permitir a uma mulher infértil dar à luz, informou nesta quinta-feira (11) a equipe médica greco-espanhola que realizou o experimento.
O método havia sido utilizado em 2016 no México, mas, nesse caso, o objetivo foi evitar a transmissão de uma doença hereditária materna.
Agora, o procedimento foi realizado em uma mulher grega de 32 anos, que não havia conseguido ser mãe apesar de várias fecundações in vitro. Ela participou do experimento para dar à luz um bebê do sexo masculino de 2,960 quilogramas, segundo o centro grego Institute of Live (IVF) em um comunicado.
Por meio desta técnica de concepção assistida, a equipe greco-espanhola, dirigida pelo embriologista grego Panagiotis Psathas com a ajuda do cientista espanhol Nuño Costa Borges, transferiu o material genético que contém os cromossomos da mãe ao óvulo de uma doadora, "esvaziado" de seu material genético original.
Uma vez conseguida essa transferência ao óvulo "portador", este foi fecundado in vitro com o esperma do pai e o embrião implantado no útero da mãe.
"Hoje em dia, pela primeira vez no mundo, o direito inalienável de uma mulher a se tornar mãe com seu próprio material genético se tornou uma realidade", comemorou o médico Psathas, presidente do IVF nesse comunicado.
"Como cientistas gregos estamos muito orgulhosos de anunciar uma inovação internacional na procriação assistida. A partir de agora, é possível para mulheres que sofreram múltiplos fracassos de fecundação in vitro e que sofrem de doenças genéticas mitocondriais raras, ter um filho. ", acrescentou.
O médico Costa Borges, cofundador do centro Embryotools na Espanha, saudou "este resultado excepcional que permitirá a um grande número de mulheres realizar seu sonho de se tornar mães com seu próprio material genético", segundo o comunicado.
Esta técnica, conhecida como transferência do fuso materno – Maternal Spindle Transfer (MST), em inglês –, já permitiu, em abril de 2016, que uma mulher que sofria de síndrome de Leigh, um problema metabólico hereditário raro, pudesse ser mãe de novo de um filho sem esse problema genético. Essa mulher havia dado à luz em duas ocasiões, mas os bebês não sobreviveram a a síndrome que ela lhes havia transmitido.
Utilizar esse método para tratar a infertilidade levanta, no entanto, questões éticas.
Tim Child, professor e diretor médico da Universidade de Oxford, disse estar "preocupado".
"Os riscos dessa técnica não são conhecidos totalmente. Embora seja considerada aceitável para tratar uma doença mitocondrial, não é nesta situação", detalhou em um comunicado.