Depois da confirmação de duas mortes por meningite em São Leopoldo, no Vale do Sinos, postos de saúde da cidade começaram a receber maior procura para a vacinação contra a doença. Com isso, houve reforço no estoque de doses.
O município costuma receber 900 doses da vacina contra a meningite no começo de cada mês. Nesta semana, além das 900 doses regulares, a Secretaria Estadual de Saúde encaminhou 400 vacinas na quarta-feira (3) e outras 400 nesta quinta –no total, 1,7 mil chegaram ao município. Se forem necessárias, mais doses poderão ser encaminhadas.
O secretário municipal de Saúde, Ricardo Brasil Charão, afirma que não há motivo para preocupação exagerada com os casos, já que não se tratam de um surto. Mesmo assim, é importante que a população se vacine:
— A taxa de cobertura vacinal ainda é baixa entre os adolescentes. Nós estamos recebendo vacinas suficientes para atender a demanda da população. Ontem o movimento foi intenso, mas aos poucos vai começando a se normalizar.
A vacina disponível na rede pública é a meningocócica C, que protege contra a meningite bacteriana C, um dos tipos mais comuns. A dose só passou a ser disponibilizada nas unidades de saúde a partir de 2010, motivo pelo qual o percentual de adolescentes imunizados quando criança é baixo (veja abaixo orientações para a vacinação).
Os dois casos de morte pela doença foram de uma adolescente de 14 anos, que morreu na última terça-feira e contraiu meningite C, e de uma criança de dois anos e meio, que morreu em março após contrair meningite B. Por se tratarem de casos diferentes e por não haver novos casos confirmados, a prefeitura e o Estado garantem que não se trata de um surto:
— As secretarias municipal e estadual de Saúde vão expedir uma nota técnica conjunta formalizando que não há um surto de meningite em São Leopoldo. O objetivo é minimizar o efeito que o pânico gera sobre a população — esclarece Charão.
Vacinação na rede pública
A meningite pode ser transmitida por vírus, fungos ou bactérias, sendo a meningite bacteriana a mais grave delas. Os principais sintomas são febre e manchas vermelhas no corpo, mas isso pode variar dependendo da bactéria que transmitiu a doença, segundo a SES.
A vacina meningocócica C, disponível na rede pública, protege contra o tipo C da bactéria Neisseria meningitidis. Entre as formas de meningite bacteriana causadas por esse agente, o tipo C é o mais comum.
As doses recomendadas são aos três e cinco meses de idade, com um reforço aos 12 meses. Crianças e adolescentes dos 11 aos 14 anos também têm recomendação da vacina, com a aplicação de dose única.
O SUS distribui ainda outros tipos de vacinas contra meningite que estão previstas no calendário de vacinação das crianças.
- Vacina pneumocócica 10-valente (conjugada): protege contra as doenças invasivas causadas pelo Streptococcus pneumoniae, incluindo meningite pneumocócica. Doses recomendadas: aos dois meses (1ª dose), quatro meses (2ª dose) e uma de reforço aos 12 meses.
- Pentavalente: protege contra as doenças invasivas causadas pelo Haemophilus influenzae sorotipo B, como meningite, e também contra difteria, tétano, coqueluche e hepatite B. São três doses recomendadas: aos dois, quatro e seis meses, com reforços aos 15 meses e quatro anos.
- BCG: protege contra as formas graves da tuberculose, principalmente em sua forma mais grave, que pode evoluir para uma meningite. Recomendação: dose única ao nascer.