Bloqueio da ovulação, diminuição dos sintomas pré-menstruais, ausência de sangramento, além do fim dos desconfortáveis episódios de troca e compra de absorventes são alguns dos benefícios procurados pelas mulheres que chegam aos consultórios ginecológicos em busca das pílulas de uso contínuo.
Conforme a professora associada da Universidade Federal de Ciências da Saúde, professora permanente do programa de pós-graduação em ginecologia e obstetrícia e preceptora de residência médica do hospital Fêmina, Mirela Foresti Jimenez, esse tipo de anticoncepcional atende os mesmos quesitos de uma pílula intervalada, de 21 dias, com a possibilidade de ser usada por mulheres de qualquer idade que não desejem passar pelo ciclo menstrual.
– A menstruação significa que não ocorreu gravidez naquele mês, ou seja, possui somente essa função. Por isso, não há prejuízo para a mulher que deseja não ter mais o sangramento mensal – esclarece.
Segundo a médica, da mesma forma que um grupo de mulheres não deseja mais menstruar, outras preferem seguir o ritual como certeza de negativa para nova gestação ou pela crença de respeito a natureza do corpo.
– Independente dos desejos da paciente, em algumas ocasiões o anticoncepcional de uso contínuo contribui para a diminuição das perdas de minerais e dos quadros de anemia – informa Mirela.
Como se trata de um hormônio, esse método de contracepção apresenta os mesmos riscos de uma pílula intervalada, como o aumento da pressão arterial, ocorrência de episódios cardiovasculares, entre outras doenças que precisam ser avaliadas por um profissional de saúde. Exceto quem teve câncer de mama, os comprimidos podem ser usados por pacientes que fizeram tratamento contra outros tipos de cânceres, desde que haja permanente acompanhamento médico.
O médico responsável pelo setor de planejamento familiar do hospital São Lucas, Marcelino Poli, alerta que mesmo sendo consumido sem intervalo, as mulheres precisam tomar o medicamento em um período fixo do dia. De manhã cedo, no meio da manhã, tarde ou noite.
– Não adianta a pessoa ingerir um comprimido pela manhã e no dia seguinte usar à noite, pois o intervalo foi superior às 24 horas. Essa atitude gera o risco de ocorrer sangramentos e até uma gravidez inesperada – explica.
Os dois médicos concordam que a pílula contínua também pode ser recomendada para mulheres que apresentam miomas no útero, pois atua no controle de sangramentos e na diminuição do problema. A professora Mirela lembra que as pacientes que necessitam retirar o útero podem continuar tomando o comprimido, pois a produção de hormônios se dá através dos ovários.
O risco de tromboembolismo associado ao anticoncepcional contínuo está ligado à propensão genética, cigarro e/ou em alguns casos cirúrgicos. Por isso, os médicos aconselham que em procedimentos mais invasivos o uso do comprimido seja interrompido quatro semanas antes para evitar qualquer possibilidade de complicação.