Uma doença rara que tem afetado um número crescente de crianças nos Estados Unidos atingiu um recorde de casos registrados e tem preocupado as autoridades de saúde locais, informaram na segunda-feira (10) autoridades de saúde americanas. A condição, chamada de mielite flácida aguda (ou AFM, na sigla em inglês), tem sintomas semelhantes aos da poliomielite, provocando paralisia — temporária ou permanente —, fraqueza, fala arrastada, face caída, dificuldade para mover os olhos, engolir e respirar. Estes sinais costumam aparecer cerca de uma semana após a criança apresentar febre e problemas respiratórios.
Neste ano, nenhum caso de morte causada pelo problema foi relatado, diferentemente do ano passado, em que pelo menos uma pessoa morreu em decorrência da mielite flácida. Apesar de ser uma condição rara — o número global de registros é inferior a um em 1 milhão —, o número de casos tem crescido exponencialmente nos Estados Unidos. Desde 2014, quando a doença foi confirmada pela primeira vez, cerca de 155 casos oficiais já foram registrados. A análise de dados dos últimos cinco anos indica que o problema é mais comum em pessoas com idade abaixo dos 18 anos.
De acordo com o Centro para Controle e Prevenção de Doenças, diversas crianças tiveram a paralisia duradoura, e quase metade das pessoas diagnosticadas com a mielite flácida neste ano foram internadas em unidades de terapia intensiva para receber a ajuda de máquinas respiratórias.
Apesar de ser semelhante aos casos de pólio, a hipótese de que essa seria a causa dos problemas foi descartada, já que não há evidências do vírus responsável pela poliomielite nos casos mais recentes. Pesquisadores que realizam estudos sobre a "doença misteriosa" acreditam que ela seja causada por um vírus chamado EV-D68. No entanto, ainda há discordâncias na relação do vírus com a doença, já que em anos anteriores a presença dele não foi detectada em todos os casos.
Especialistas ainda investigam o motivo pelo qual a doença tem sido vista em larga escala ultimamente nos Estados Unidos, com cerca de 311 possíveis casos ainda sendo avaliados. Outros 17 países registraram casos dispersos do problema. Há casos confirmados entre 36 Estados do país norte-americano, sendo os mais afetados o Texas, com 21 casos, e Colorado, com 15.