Após a saída dos médicos cubanos do programa brasileiro Mais Médicos e a abertura de um novo edital para que médicos do Brasil preencham as vagas que ficarão abertas, há dúvida se haverá o número necessário de profissionais brasileiros interessados em preenchê-las, principalmente aquelas em locais de difícil acesso. No Brasil, serão abertas 8.517 vagas – no Rio Grande do Sul, 630. As inscrições começam às 8h desta quarta-feira (21), no site maismedicos.gov.br.
Na manhã desta terça-feira (20), o presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers), Eduardo Neubarth Trindade, falou ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, sobre as expectativas para o preenchimento dessas vagas disponíveis para o Estado e sobre o programa.
De acordo com Trindade, a perspectiva do Cremers em relação à seleção é positiva, pois, segundo ele, cerca de 1,2 mil profissionais são formados por ano no Rio Grande do Sul.
— Temos também vagas em cidades de médio e grande porte. Acredito que iremos conseguir atender essa demanda se as vagas forem bem divulgadas entre a comunidade médica — finalizou.
Questionado sobre o fato de que, em editais anteriores, onde a preferência também era dada aos profissionais brasileiros e, mesmo assim, a procura por parte deles foi baixa, Trindade defende que a situação é diferente e que, agora, há "muita gente disposta a fazer parte do programa".
Outra questão levantada foi o fato de que muitos profissionais brasileiros não desejam participar do Mais Médicos, tendo em vista que muitas vagas são destinadas para locais de difícil acesso e que o programa tem duração de apenas três anos. Para Trindade, é importante que se tenha um plano de carreira para esses profissionais.
Em relação ao trabalho realizado pelos médicos cubanos que participavam do programa, Trindade mostrou-se crítico.
— Pegávamos profissionais com formação não adequada, sem saber qual era o grau de qualificação desses médicos diplomados fora do Brasil ou se esses diplomas equivalem minimante ao que nós chamamos de médico. É isso que o conselho defende e mais uma vez reforça: é importante que médicos sejam qualificados e tenham uma formação seguindo as normas brasileiras — disse.
O presidente ainda afirmou que vê com bons olhos a proposta do ministro da Saúde, Gilberto Occhi, que deve ser apresentada ao presidente eleito Jair Bolsonaro, para que os médicos cubanos sejam substituídos por profissionais que se formaram utilizando recursos do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies):
— Ninguém gosta de ser obrigado a fazer alguma coisa. Mas seria bom que para atender essa demanda, como forma de retribuição, se esses alunos ficassem um ou dois anos trabalhando em regiões de difícil acesso.