Profissionais cubanos do programa Mais Médicos começaram a deixar os postos de trabalho na manhã desta terça-feira (20) em parte dos municípios do Rio Grande do Sul. A reportagem de GaúchaZH confirmou que a saída já ocorre nas cidades de Viamão, Gravataí, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Canoas e Cachoeirinha. Há casos de postos de saúde que estão, a partir de agora, sem médicos.
A previsão inicial repassada pelo Ministério da Saúde à Secretaria Estadual de Saúde era de que os médicos só começariam a deixar o país a partir do dia 25 de novembro, e que este processo se estenderia até 25 de dezembro. Com a saída em grupos menores, a ideia era que a entrada de médicos brasileiros pelo edital publicado nesta terça-feira (20) pudesse resolver o problema em seguida. O diretor do Departamento de Ações em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde, Elson Farias, diz que ainda tenta contato com os responsáveis pelo convênio no Estado para cobrar esclarecimentos.
Em São Leopoldo, nenhum dos 13 médicos cubanos que atuavam na cidade foi trabalhar nesta terça-feira, o que faz com que seis postos da cidade fiquem sem nenhum médico a partir de agora: as unidades básicas Jardim América, São Cristóvão e Padre Orestes e unidades de Estratégia de Saúde da Família Paim, Cohab Feitoria e Brás. Até que o edital reponha médicos nesses locais, as consultas estão suspensas e o atendimento será mantido com enfermeiros, técnicos em enfermagem e outros profissionais da área da saúde.
— A saída deles veio antes do esperado. Ontem (segunda-feira), fizemos uma reunião com os médicos e acordamos que as atividades seriam mantidas até que fosse informada a suspensão dos trabalhos. O que eles nos disseram foi que seus supervisores informaram que as atividades dos médicos cooperados está suspensa a partir de hoje — diz o secretário de Saúde de São Leopoldo, Ricardo Charão.
Em Viamão, somente quatro dos 13 médicos cubanos da cidade apareceram para trabalhar nesta terça-feira (20). Segundo a prefeitura, não foi informado o motivo para a saída dos profissionais nem se algum posto ficará sem médicos. Os pacientes que seriam atendidos por estes profissionais que não atuaram nesta terça estão tendo as consultas remarcadas.
Em Gravataí, os médicos cubanos estão saindo dos postos ao longo desta manhã. A cidade tem 17 profissionais de Cuba que, segundo a prefeitura, receberam um comunicado do governo do seu país informando que eles deveriam deixar imediatamente os postos de trabalho. Com a saída de todos, duas unidades básicas ficarão sem nenhum médico: Erico Verissimo e Morada do Vale 2.
— Nós não esperávamos a saída deles. Há unidades que vão ficar sem médicos quase que imediatamente. Eles receberam um comunicado do governo deles dizendo que deveriam suspender o atendimento imediatamente. Todos vieram à secretaria e estão encaminhando papelada e documentação para se desligar, porque até o fim da semana estarão voltando para Cuba. Fomos pegos de surpresa — disse Jean Tormann, secretário de Saúde de Gravataí.
Em Novo Hamburgo, os 21 médicos cubanos que atendiam no município deixaram de trabalhar nesta manhã seguindo uma orientação do governo cubano, segundo a prefeitura. Como a prefeitura foi pega de surpresa, dois postos estão sem atendimento nesta terça-feira: a unidade básica de saúde Kunz e a unidade de Estratégia de Saúde da Família Redentora. A Secretaria Municipal de Saúde fará reuniões ao longo de dia para verificar o que pode ser feito para suprir a falta de médicos nos próximos dias.
Em Canoas, os oito profissionais cubanos que estavam trabalhando na cidade também deixaram de atender nesta terça-feira. mas nenhum posto ficou sem médico. No geral, as equipes das unidades básicas de saúde contavam com um profissional estrangeiro e com outro brasileiro. A secretária municipal da saúde, Rosa Groenwald afirma que o município reorganizou agendas e inclusive estendeu o horário de atendimento da unidade de saúde do bairro Mathias Velho até as 20h nesta terça-feira. Mas ela lamenta a saída dos cubanos.
— Não temos outra alternativa, a não ser esperar pelo edital do Governo Federal, aguardar o chamada que vai suprir os que saíram - afirma.
Em Cachoeirinha, dois dois seis médicos cubanos deverão retornar ao seu país até sexta-feira e, por isso, já não estão mais trabalhando. Os outros quatro aguardam orientações sobre o que fazer, mas seguem atendendo os pacientes. Quando todos saírem, duas unidades de Estratégia de Saúde da Família ficarão sem médicos, a Otacílio Silveira e Jardim Betânia. A prefeitura afirma que está estudando um remanejamento para que as unidades não fiquem desassistidas.
Em Alvorada, os profissionais cubanos receberam orientação informal para que paralisassem as atividades no município, mas, segundo a prefeitura, disseram que não vão deixar de atender até que recebam uma informação oficial. Eles estão trabalhando normalmente nos postos de saúde, mas um deles está com saída prevista para o dia 26 de novembro.
Como está a situação em Caxias do Sul
Os postos de saúde dos bairros Tijuca e Fátima Baixo, em Caxias do Sul, estão sem atendimento de clínicos gerais. As unidades básicas tinham apenas médicos cubanos, que não foram trabalhar nesta terça-feira (20).
Conforme a Secretaria de Saúde da cidade, não houve comunicado oficial à administração municipal sobre o encerramento da prestação do serviço nesta semana. Por isso, foi surpreendida com ligações dos postos de saúde sobre a falta dos profissionais. Em contato com os médicos, a secretaria foi informada que eles receberam um comunicado de que retornarão para Cuba nos próximos dias e, por isso, deveriam encerrar as atividades.
A prefeitura de Caxias informou que tentará remanejar profissionais na rede básica para evitar que esses dois postos fiquem desassistidos. No total, a cidade contava com sete médicos cubanos. As outras unidades que perderam médicos são Desvio Rizzo, Salgado Filho, Belo Horizonte, Campos da Serra e Esplanada. Nesses casos, há outros profissionais em atividade. Por isso, o impacto é menor.
A recomendação é de que os pacientes continuem buscando atendimento nas unidades de saúde de referência para que possam ser remanejados para a unidade de pronto atendimento, para outros postos de saúde ou, em casos de menor gravidade, sejam atendidos pela equipe de enfermagem.