Quase três meses depois da confirmação do surto de toxoplasmose em Santa Maria, o resultado de uma das análises feitas em um laboratório de Londrina (PR) confirmou a presença do protozoário causador da doença em uma caixa d'água residencial. A informação foi revelada na manhã desta sexta-feira (6) em entrevista coletiva de representantes do Ministério Público, dos órgãos de saúde da cidade e médicos.
O secretário estadual de Saúde, Francisco Paz, disse que o achado não esclarece a origem do surto e que as medidas de prevenção, como beber água fervida e consumir hortaliças e carnes cozidas, devem ser mantidas pela população santa-mariense.
— É um dado que se junta a todos os outros da investigação até agora, mas não elucida o surto, que é o que queremos saber, para também entendermos o que é preciso para evitar — disse.
Para o diretor de operações da Corsan, Eduardo Carvalho, a conclusão dessa análise não muda o cronograma de higienização dos reservatórios na cidade, tampouco reforçaria a hipótese de o surto ter começado via serviço de abastecimento da companhia.
— Temos informações de que essa caixa d'água tinha frestas e não estava em condições adequadas de conservação, tanto que foram encontrados outros materiais e organismos nessa água. É uma caixa d'água vulnerável e não é representativa para que se aponte problema na rede de distribuição — avalia Carvalho.
Durante o anúncio, o Ministério Público Federal pediu oficialmente para as autoridades em saúde esclarecerem quais as atitudes que serão tomadas a partir de agora e cobrou da Corsan a ampla divulgação do cronograma de limpeza e orientação de como e quando as pessoas devem fazer a limpeza da água.
Carvalho informou que os 29 reservatórios de Santa Maria estão passando pela limpeza de rotina, sendo que 18 já foram higienizados. De cada um deles, estão sendo coletadas amostras da água para análise, e a recomendação é de que os moradores façam a limpeza de suas caixas d'água à medida que os reservatórios que abastecem suas regiões receberem a manutenção.
Protozoário encontrado não é o causador do surto
O fragmento do DNA do protozoário encontrado na caixa d'água não é igual ao "tipo" de protozoário que infectou gestantes. Pelo laudo também foi constatado o registro de bactérias que indicam a presença de fezes de outros animais na caixa d'água, o que pode ter contaminado o recipiente.
A médica infectologista da prefeitura de Santa Maria Paula Martinez explica que é possível que o protozoário encontrado seja a forma endêmica do microrganismo, que é mais corriqueira e não causaria a quantidade de casos sintomáticos registrados em um surto. Em outras palavras, o achado pouco colabora para rastrear a origem do problema da toxoplasmose em Santa Maria.
– Se fossem DNAs iguais, aí nossa conversa seria diferente – resume Paula.