Com mais perguntas do que respostas, o surto de toxoplasmose em Santa Maria foi alvo de debate na manhã deste sábado (19) no Congresso Sul Brasileiro de Infectologia, sediado em Porto Alegre. Em boletim divulgado na sexta-feira (18) pelo governo do Estado e prefeitura, foram confirmados 352 casos, 81 a mais em relação à semana anterior.
Para o presidente da Sociedade Riograndense de Infectologia, Alexandre Schwarzbold, que também é professor da
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), a explicação para esse crescimento entre uma semana e outra é um maior rigor com as notificações:
— Não é que existam mais casos, provavelmente, é que o registro é maior porque houve uma coordenação de ações entre município, Estado e prestadores de serviços. Possivelmente, sejam até casos anteriores e que só estão sendo registrados agora.
Segundo sua avaliação, a tendência é que, em breve, os casos atinjam seu ápice, entrando em queda na sequência.
— Esse número vai aumentar porque os registros ainda estão sendo feitos, mas seguramente deve começar a diminuir e estabilizar nas próximas semanas, o que é muito comum em surtos epidêmicos — completou.
Ainda que a causa da infecção não esteja confirmada, as hipóteses apontam para uma origem ambiental. Tanto a água quanto os alimentos são veículos de transmissão que estão na mira das autoridades.
Schwarzbold destaca que os maiores casos da doença registrados pela literatura médica estavam relacionados com a água. Santa Isabel do Ivaí, no Paraná, por exemplo, ostenta o recorde mundial de sorologias positivas para a infecção, com 426 casos registrados em 2002, em decorrência da contaminação de um reservatório de água.
Daqui para frente, o foco dos médicos é atentar para as gestantes contaminadas, que já somam 27.
— Nossa intenção é evitar a contaminação congênita, o abortamento e a morte fetal — diz Vanessa Oliveira, médica infectologista do Hospital Universitário de Santa Maria.
As orientações para a população são evitar o consumo de carnes malpassadas ou cruas, e ficar atento aos vegetais, que devem ser muito bem higienizados. A água da torneira deve ser fervida por pelo menos um minuto antes do consumo.