Dois anos após a inauguração do espaço que abrigaria a Unidade de Cuidados Intermediários (UCI) Neonatal de Farroupilha, o Hospital São Carlos diz que não quer mais instalar o serviço. Nesta semana, o tema voltou à discussão depois de circular nas redes sociais uma foto em que aparecem roupas em cabides colocados na sala. A autoria da imagem não foi divulgada. A superintendente do Hospital São Carlos, Janete Toigo, confirma que as peças estavam no local para a triagem das doações destinadas a um brechó interno.
Como a sala está ociosa, foi liberada para a separação de peças que seriam repassadas para pacientes, entidades ou comercializadas. A superintendente afirma que o brechó será no auditório do hospital na próxima semana.
Com a desistência da UCI Neonatal, a utilização da sala, que teve reformas inauguradas em março de 2016, ainda está em avaliação. Segundo Janete, o custo estimado para a operação do serviço seria de R$ 750 mil por mês.
— Não existe demanda em Farroupilha. Em um ano e dois meses que estou aqui (na superintendência), nunca teve um caso que precisaríamos. É um elefante branco — afirma Janete.
Segundo ela, móveis e equipamentos que já haviam sido comprados para a UCI foram redirecionados dentro do próprio hospital. Um exemplo são berços aquecidos que agora estão no centro obstétrico.
A Secretária da Saúde de Farroupilha, Rosane da Rosa, diz que a desistência ainda não foi oficializada. Por isso, de acordo com ela, ainda tramita junto ao Estado a solicitação para o serviço. No entanto, a secretária avalia que a situação econômica traz dificuldade para habilitar e credenciar a UCI junto ao Estado e à União. Rosane explica que o município não pode assumir o compromisso de manter o serviço integralmente. Por isso, é favorável à decisão tomada pela superintendência do hospital.
— Nunca (o hospital) pode aceitar um serviço que vai dar prejuízo — aponta.
A Serra não tem atualmente UCI para recém-nascidos. Hospitais de Caxias do Sul e Bento Gonçalves contam com Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) Neonatais, destinada a situações mais graves da saúde de bebês. No total, são 25 vagas para o Sistema Único de Saúde (SUS).
A titular da 5ª Coordenadoria Regional de Saúde, Solange Sonda, explica que a demanda regional é variável. Segundo ela, neste momento não há sobrecarga. Quando não há vagas na região, os pacientes são inscritos na Central de Leitos do Estado e transferidos para onde há disponibilidade.
A implantação, primeiro de uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e depois da UCI para atendimento especializado de recém-nascidos, está na pauta de discussões políticas de Farroupilha há anos. Ainda em 2011, o então prefeito Ademir Baretta (MDB) prometeu que a UTI Neonatal funcionaria até o final do ano seguinte. Como isso não ocorreu, em 2012, o funcionamento do serviço foi uma das principais bandeiras do então candidato de oposição e agora prefeito reeleito, Claiton Gonçalves (PDT).