Depois de ser adiada devido ao atraso na produção de vacinas, a campanha de imunização contra a gripe começou nesta segunda-feira (23) em todo o país. A meta do governo federal é imunizar 54 milhões de pessoas incluídas nos grupos prioritários em 37 mil salas de vacinação no Brasil. No Rio Grande do Sul, o governo estadual pretende imunizar mais de 3 milhões de pessoas em 1,8 mil postos de saúde.
No Estado, o adiamento do começo da campanha provocou questionamento sobre a eficácia, já que, no mês de maio, as temperaturas devem começar a cair. Questionada sobre a possibilidade de antecipação do período de imunização no Rio Grande do Sul nos próximos anos, a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Carla Domingues, descartou a possibilidade:
— Diferentemente das outras vacinas que estão disponíveis durante o ano inteiro, na rotina dos nossos serviços, a vacina de Influenza não. Ela só vai ser liberada (sua produção) no mês de setembro, quando se analisa os vírus que estão circulando. Não há possibilidade de antecipação, porque precisa ser feita a análise do que está circulando para ser colocado na vacina. Se antecipo muito, o que pode acontecer? Vou colocar na vacina um vírus que tem pouca chance de circular, e a vacina não vai proteger — disse, em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha.
Conforme a coordenadora, o período para que a vacina seja produzida é de cinco a seis meses e, assim, ela fica pronta entre o fim de março e o começo de abril. Todos os anos, a atualização é feita conforme os vírus que estão circulando, e a situação do Hemisfério Norte é tida como base. Em 2018, houve um surto de casos de gripe nos Estados Unidos: a vacina continha o vírus H3N2, mas o vírus sofreu uma mutação quando a vacina já estava sendo aplicada e, por isso, não foi eficaz. A vacina aplicada no Brasil já foi atualizada em relação aos vírus que circularam no Hemisfério Norte.
— A nossa vacina já está atualizada com esse vírus H3N2 que circulou na América do Norte, e vamos ter essa vacina com a proteção para essa mudança que ocorreu. Por isso a necessidade de esperar um pouco mais para fazer essa produção, para ter certeza de que captamos a mudança, e de que essa mudança já estará na vacina que está sendo produzida e que está no nosso calendário. A mutação que acontece no EUA já foi incluída na vacina produzida no Brasil — garantiu.
Imunização
A vacina distribuída na rede pública é a trivalente, que protege contra o H1N1, H3N2 e Influenza B. Na rede privada, há, além da trivalente, a quadrivalente (ou tetravalente), que imuniza contra H1N1, H3M2 e dois tipos de Influenza B. O Ministério da Saúde, no entanto, considera que os três vírus de maior prevalência estão incluídos na vacina da rede pública.
A campanha de vacinação segue até o dia 1º de junho. Estão incluídos nos grupos prioritários que podem se vacinar gratuitamente nos postos de saúde: idosos, crianças de seis meses a cinco anos, gestantes, puérperas (mães até 45 dias após o parto), trabalhadores da área da saúde, indígenas, portadores de doenças crônicas não transmissíveis, adolescentes e jovens de 12 a 21 anos em medidas socioeducativas, população privada de liberdade e funcionários do sistema prisional e professores das escolas públicas e privadas.
No dia 12 de maio, ocorrerá o Dia D, um sábado, em que unidades de saúde estarão abertas para vacinação.