O Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), referência para mais de 40 municípios das regiões Central e Fronteira Oeste, irá assumir a demanda da Casa de Saúde, que suspendeu na quarta-feira (1º) os serviços de maternidade em função de atraso nos salários dos médicos obstetras.
O chefe da divisão médica e diretor técnico do Husm, Larry Argenta, avalia que é aguardado um volume considerável de pacientes nos serviços obstétricos. O Husm realiza, por mês, entre 180 e 210 partos. Agora, com a paralisação dos médicos obstetras do Hospital Casa de Saúde, a demanda – de 80 a 120 partos mensais – deve ser atendida pelo hospital universitário.
As direções da Casa de Saúde, do Hospital Universitário de Santa Maria e 4ª Coordenadoria Regional de Saúde (4ª CRS) decidiram, em reunião, que casos de gestantes que precisem de atendimentos pós-parto poderão ser levadas à Casa de Saúde.
Atraso e dívida
Os seis médicos obstetras da Casa de Saúde estão com os salários atrasados desde julho e, nos últimos meses, os profissionais sinalizavam que poderiam parar os serviços. Ainda em setembro, o hospital contava com oito profissionais, mas dois deles deixaram a instituição em função dos atrasos salariais.
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Conforme Ubaldina Souza e Silva, que é diretora administrativa da Casa de Saúde, o Estado deve R$ 2,5 milhões ao hospital. O recurso, segundo ela, forçou a direção a contrair sucessivos empréstimos na tentativa de pagar os médicos, que somam R$ 8 milhões. De acordo com Ubaldina, em agosto o governo do Estado repassou pouco mais de R$ 500 mil ao hospital. Mas o valor acabou sendo utilizado para custear pagamento de fornecedores, já que o recurso seria insuficiente, segundo ela, para pagar os salários.
A Secretaria Estadual de Saúde informou, por e-mail, que ainda na quarta-feira (1º) tentou pagar valores referentes ao mês de julho. Mas, conforme o Estado, “o sistema rejeitou o pagamento porque a instituição está com pendências no Cadastro de Inadimplentes do Estado (Cadin), por falta de prestação de contas”. O e-mail ainda afirma que as pendências dos meses de julho, agosto e setembro somam, juntos, R$ 1,1 milhão.