A Casa de Saúde de Santa Maria suspendeu os serviços de maternidade que são realizados no local. Desde as 7h30 desta quarta-feira (1º), os seis obstetras que trabalham no hospital deixaram de prestar atendimento. A decisão de parar as atividades leva em conta os atrasos nos salários desses profissionais há três meses, desde julho. A direção da instituição afirma que tem buscado junto ao governo do Estado a liberação de recursos para normalizar os pagamentos.
_ A questão toda é essencialmente financeira. Já passamos há muito tempo do limite do suportável. Vivemos em meio a uma adversidade. Os médicos trabalham e não recebem. Isso não é justo. E, invariavelmente, quem é prejudicado é o cidadão que precisa dos nossos serviços _ afirma a administradora da Casa de Saúde, irmã Ubaldina Souza e Silva.
Na prática, a decisão de suspender os serviços de maternidade, fará com que a Casa de Saúde deixe de realizar uma média de 80 a 120 partos por mês. Até setembro, o hospital contava com oito profissionais, mas dois deles deixaram a instituição em função dos atrasos salariais.
_ Não queríamos ter chegado a tomar essa medida que, aos olhos da sociedade, parece extrema. Mas a Casa de Saúde está sem receber recursos do Estado e a situação se tornou inviável. O triste disso tudo é que não conseguimos ver, a curto prazo, uma situação positiva que dê fim a esse impasse.
Conforme Ubaldina Souza e Silva, o Estado deve R$ 2,5 milhões ao hospital. O recurso, segundo ela, forçou a direção a contrair sucessivos empréstimos na tentativa de pagar os médicos, que somam R$ 8 milhões. De acordo com Ubaldina, em agosto o governo do Estado repassou pouco mais de R$ 500 mil ao hospital. Mas o valor acabou sendo utilizado para custear pagamento de fornecedores, já que o recurso seria insuficiente, segundo ela, para pagar os salários.
A GaúchaZH solicitou, na manhã desta quarta-feira, uma posição da Secretaria Estadual de Saúde sobre a situação da Casa de Saúde e aguarda retorno.
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Outros atrasos
Além dos atrasos nos salários dos obstetras, outros 42 médicos – das especialidades da traumatologia, ortopedia, urologia, entre outros – estão sem receber desde maio. A administradora cita ainda outro agravante: o atraso no pagamento por cirurgias feitas por médicos.
Segundo ela, há médicos que estão sem receber, desde abril, por procedimentos cirúrgicos realizados nas especialidades de urologia, ginecologia, traumatologia e cirurgias gerais e vasculares.
Hospital impactado
Com a decisão de suspender os serviços da maternidade, as demandas da Casa de Saúde terão, agora, de ser absorvidas pelo Hospital Universitário de Santa Maria (Husm). Na manhã desta quarta-feira, a direção do hospital está reunida para tratar de estratégias para atender essa demanda. O Husm realiza, por mês, de 180 a 210 partos por mês.
_ Fica, de fato, ainda mais complicado. Sabemos que a situação deles (Casa de Saúde) está complicada. Já estamos prevendo um aumento de 60% ao nosso dia a dia, o que mostra o grau de dificuldade que teremos de lidar. É um agravante.
Há no centro obstétrico do Husm, em caráter de plantão permanente, dois médicos obstetras, além dos residentes que atuam no local.