A Casa de Saúde de Santa Maria, que atende 32 municípios da região central do Estado, prevê que, no dia 20 deste mês, terá de suspender um importante serviço: o da maternidade da instituição. O motivador, conforme a direção do hospital, são os atrasos nos repasses de verba pública por parte da Secretaria Estadual de Saúde.
A Casa de Saúde realiza, por mês, uma média de cem partos. Se, de fato, os serviços forem suspensos, essa demanda irá recair no Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), que passará a ser a única opção na cidade para quem precisa do Sistema Único de Saúde (SUS).
A situação chegou a esse ponto, conforme Ubaldina Souza e Silva, que administra a Casa de Saúde, porque o Estado deve à instituição um montante de R$ 2,2 milhões. O passivo é referente a três meses deste ano.
Mas ainda há atraso no pagamento dos salários de cerca de 50 médicos que contabilizam atraso desde o mês de maio. Esses profissionais desempenham serviços em plantões presenciais nas áreas da traumatologia e da ortopedia.
Ubaldina relata, que nos últimos dois anos, a Casa de Saúde contraiu R$ 8 milhões em empréstimos bancários para custear com as demandas da instituição já que os repasses do Piratini ocorrem de forma sistemática. Ubaldina conta que, em média, os repasses são normalizados a cada 70 dias.
A reportagem solicitou, na manhã desta quarta-feira (6), à Secretaria Estadual de Saúde um posicionamento quanto à normalização dos repasses. A Rádio Gaúcha aguarda uma posição.
Mas a suspensão não deve ficar apenas ao plantão obstétrico. A direção da Casa de Saúde projeta que essa situação também atingirá aos atendimentos nas áreas da traumatologia e da ortopedia. A direção vê como inevitável um "efeito em cascata" nos demais serviços prestados.
Demanda adicional
À Rádio Gaúcha, o Husm afirma que não foi comunicado dessa situação. E, por nota, diz que espera que “o Estado honre seu compromisso com a Casa de Saúde e, dessa forma, a realização de partos não seja suspensa”.
Mas o hospital mostra-se apreensivo frente a esse novo cenário e que tem trabalhado, ultimamente, “no limite de sua capacidade”. E acrescenta que o Husm não está preparado “para absorver toda essa demanda”.
O Husm lembra que, no local, são realizados, em média, seis partos por dia. A nota traz que “quando houve o fechamento da Casa de Saúde, em fevereiro desse ano, houve um acréscimo de 40 partos/mês”. Outra preocupação é que está prevista, para as próximas semanas, uma obra de reestruturação do Centro Obstétrico do Husm.