Criada em 2014 no Brasil, a data que marca a luta contra a obesidade ganhou status mundial a partir de 2015. O 11 de outubro tem o objetivo de chamar atenção para essa doença crônica, que cresceu 60% em 10 anos no país e já é considerada epidemia em todo mundo.
Caracterizada pelo acúmulo de gordura no corpo, a obesidade é a porta de entrada para uma série de outros problemas graves de saúde, como pressão alta, diabetes, alteração no colesterol e até alguns tipos de câncer que podem levar à morte. Além dos óbitos, a doença ainda representa um gasto anual de R$ 500 milhões ao Sistema Único de Saúde (SUS). Estimativas da World Obesity Federation preveem um custo mundial de US$ 34 bilhões com doenças relacionadas à obesidade em oito anos.
O número de pessoas com índice de massa corporal (IMC peso dividido pela altura ao quadrado) a partir de 30 saltou nos últimos 10 anos no país. A população obesa passou de 11,8% em 2006 para 18,9% em 2016, o que representa um aumento de 60%, conforme pesquisa Vigitel, do Ministério da Saúde. Acompanhando o problema, cresceu também a quantidade de diabéticos e hipertensos. Em Porto Alegre, conforme o levantamento, 19,9% da população sofre com a obesidade — entre os homens, 19,4% estão acima do peso, já entre as mulheres, 20,3% são obesas .
Dados da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) estimam que 22% dos brasileiros sofrem de obesidade e entre 2% e 3% estão na faixa da obesidade mórbida.
— É um número estarrecedor — alerta o endocrinologista membro da Abeso, Mario Kedhi Carra.
Mais preocupante ainda são os índices infantis. Conforme Carra, o último levantamento apontou que cerca de 18% das crianças brasileiras estariam na faixa do excesso de peso (que soma sobrepeso e obesidade). Parte desse problema tem relação com as mudanças culturais dos últimos anos.
— Antigamente, as pessoas tinham que levantar para trocar o canal da televisão, por exemplo. Hoje, os jovens nem conhecem esse aparelho. Além disso, há outros tipos de limitações, como não deixar as crianças brincando na rua. Elas ficam restritas e fazem outras atividades, como videogame — aponta o médico endocrinologista Luis Henrique Canani, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.
Somado a isso, vem a questão da alimentação, repleta de industrializados e fast-food, com um grande apelo pela praticidade.
Na tentativa de controlar o avanço do problema, o Ministério da Saúde tem tomado medidas para reduzir o consumo de açúcar, sódio e até gordura. Em junho, a pasta passou a defender o fim do refil de refrigerantes em restaurantes e redes fast-food. Conforme o ministério, a oferta ilimitada da bebida aumenta em até 30% o consumo. Outras armas lançadas são acordos que buscam diminuir o açúcar e a gordura trans nos industrializados assim como redução ainda maior do sódio. Desde que firmou acordo com a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia), em 2011, os brasileiros já deixaram de consumir 17 mil toneladas desse mineral. A nova meta, para 2022, é eliminar 28,5 toneladas.