O local de instalação das 250 moradias provisórias em Eldorado do Sul segue indefinido. Dois terrenos sugeridos pela prefeitura não foram aprovados pelo governo do Estado. O argumento da Secretaria Estadual de Habitação e Regularização Fundiária é de que os locais ficam na mancha de inundação da enchente de maio.
Inicialmente, o Parque Eldorado era o bairro destinado a receber as 250 novas residências para desabrigados pela enchente. Porém, a falta de infraestrutura pública na localidade gerou resistência a esta escolha.
A prefeitura confirma que não há a estrutura necessária, como redes de energia, água e esgoto, e tenta apresentar outros locais viáveis ao Estado. Os pontos indicados e rejeitados pelo Executivo estadual até aqui são uma área do município na entrada do bairro Delta do Jacuí e uma do Estado próxima ao bairro Progresso.
Como cerca de 80% do território de Eldorado foi atingido pela enchente, a administração municipal também estuda outras soluções, como a elevação do terreno nestas áreas já propostas.
— Tudo é possível. Nós estamos dispostos a buscar uma solução segura, mas desde que seja aqui na parte urbana da cidade — explica o secretário de Habitação de Eldorado do Sul, João Ferreira.
Conforme a prefeitura, uma reunião deve ser marcada até o final desta semana para que as possíveis soluções sejam debatidas.
— Mandamos fazer uma topografia, e essa semana vão nos entregar um levantamento ali de qual é a cota, a altura de aterro que precisa colocar para que as famílias fiquem protegidas. Também pediram um plano de contingência, que nós já temos — explica Ferreira, e acrescenta outra hipótese:
— Houve uma sugestão do Ministério Público de que poderia fazer em forma de pilotis. Fazer uns pilares e colocar as casas em cima, porque tem uma diferença de um metro onde pegou a enchente.
O governo do Estado afirma que o projeto de instalação das 250 casas segue reservado para o município e que aguarda o posicionamento da prefeitura. O convênio entre os Executivos foi assinado no dia 21 de junho.
Segundo a prefeitura, pelo menos 1,5 mil famílias de Eldorado do Sul que tiveram de deixar suas casas por causa da enchente ainda não têm nova moradia definitiva. Em pelo menos 500 casos as residências foram destruídas. Há 22 pessoas em um abrigo público e outras que estão vivendo com familiares ou amigos ou em aluguel social.
— Se a gente já tivesse entrado num acordo, que fosse aqui na cidade, que o governo tivesse aceitado, as casas já estavam ali, e as famílias já estariam acomodadas, porque a proposta do governo é construir em 40 dias as casas. Então, nós estamos muito angustiados sabendo que esse projeto é o que está mais ao alcance da nossa mão. Nós só precisamos entrar nesse entendimento — afirma o secretário João Ferreira.
— A gente se sente seguro de colocar essas casas provisórias aqui (na parte urbana, inundada pela enchente de maio) porque elas são provisórias. Elas não são de tempo permanente nesse local, e nós temos aqui a cidade toda morando nesse mesmo local — acrescenta.
Segundo a prefeitura, as pessoas que estão no abrigo e moradores atingidos nas localidades da Vila da Paz, Picada, Itaí, Pinheiro e da parte mais próxima ao Guaíba do bairro Cidade Verde estão no grupo prioritário para ocupar estas moradias provisórias que serão instaladas.
Moradias provisórias
As moradias provisórias — com nove metros de largura por três metros de profundidade — têm espaço interno de 27 metros quadrados. O espaço é dividido em um quarto, uma sala conjugada à cozinha e um banheiro. O projeto prevê que até seis pessoas vivam em cada residência.
Na semana passada, as primeiras 30 casas do tipo foram entregues em Encantado, no Vale do Taquari. Segundo a Secretaria Estadual de Habitação e Regularização Fundiária, ao menos outros três municípios já possuem unidades garantidas: serão 24 em Cruzeiro do Sul, 35 em Estrela e 48 em Triunfo.