O prefeito Sebastião Melo foi questionado sobre a segunda fase da Operação Capa Dura, que apura suposto direcionamento em processos de compras na Secretaria Municipal de Educação (Smed) de Porto Alegre. Estão sendo investigadas suspeitas de pagamento de propina para a ex-secretária da pasta, Sônia da Rosa. Nesta sexta-feira (5), a Polícia Civil (PC) detectou que valores teriam sido repassados para que a ex-titular do governo municipal fechasse a aquisição de um apartamento, em 2022, na Capital.
— O prefeito não compra livros, não faz licitação. O prefeito, governador, presidente, ele tem papéis, tem secretários. Se tem problemas na Smed que prove isso, seja com ex-secretária, seja com quem quer que seja, na democracia, existem ritos para isso. O primeiro rito foi investigar — justificou Melo, ao ser questionado se o caso envolvendo as denúncias na Smed representa a maior crise da gestão de seu governo.
As investigações, que estão na segunda etapa, detectaram suposto pagamento para abater custo do imóvel, que estaria avaliado em mais de R$ 500 mil. A ex-secretária é uma das principais investigadas nos inquéritos por suspeita de irregularidades na Smed. Em janeiro, ela chegou a ser presa na primeira etapa da Operação Capa Dura.
— Se alguém cometeu algum erro, que pague pelo erro, rigorosamente sob as penas da lei. Eu não compactuo com corrupção, a minha vida é uma vida limpa, correta. Tenho mais de 20 anos de vida pública — afirmou o chefe do Executivo, lembrando que foi o primeiro a mandar investigar quando a suspeita veio a público.
Conforme reportagem do GDI, as compras sob investigação nesta fase da Capa Dura, efetuadas entre junho e outubro de 2022, somaram mais de R$ 36,5 milhões pagos pela prefeitura por cerca de 500 mil livros das empresas Inca e Sudu. O empresário Jailson Ferreira da Silva, conhecido como Jajá, teria tratado do repasse de valores para o negócio do imóvel. Jailson é representante de empresas que fizeram vendas à Smed na gestão da ex-secretária na Capital e, antes disso, em Canoas.
— Tem gente que bota a corrupção para debaixo do tapete. O Brasil está cheio de políticos que fazem isso, que nós conhecemos. Eu nunca fiz isso na minha vida. Doa a quem doer. Se tem compra errada, se tem licitação mal feita, se alguém fez algum erro, que pague por isso. A minha opinião continua a mesma desde quando eu nasci na política. Eu sou da escola do Pedro Simon, que é não roubar e não deixar roubar. Agora se alguém fez besteira que pague por isso — concluiu Melo.
O prefeito respondeu sobre o tema ao final da apresentação da força-tarefa para remover o lixo das ruas da cidade. O evento foi realizado na manhã desta sexta, no Paço Municipal, no Centro Histórico.
* Colaborou Kathlyn Moreira