O Centro Humanitário de Acolhimento (CHA) Renascer, em Canoas, começa a receber as primeiras famílias atingidas pela enchente. O espaço, chamado anteriormente de cidade provisória, busca oferecer estrutura melhor para quem não tem perspectiva de ter uma casa. O centro foi oficialmente inaugurado na manhã desta quinta-feira (4).
Uma solenidade marcou a abertura do pavilhão, localizado próximo à Refinaria Alberto Pasqualini. Além da presença de autoridades, incluindo o governador Eduardo Leite, o evento marcou a chegada de duas famílias que passarão a morar nas casas modulares, cedidas pela Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).
Um dos primeiros habitantes é Edson Luiz da Silva Martins, 50 anos. A família dele, com a filha, o genro e os dois netos, estava abrigada na Ulbra. Edson viu sua casa desaparecer pela força da água que invadiu o bairro Mathias Velho, o maior de Canoas e um dos mais atingidos.
— Não conhecia esse tipo de casinha, eu achava que era contêiner. Mas é uma casinha boa, dá pra viver ali por um ano, seis meses, tranquilo. Vamos ter médico, vamos ter tudo que a gente precisar — afirma Edson.
São 126 unidades que deverão receber, ao todo, 630 pessoas. São esperadas até o fim do dia de hoje 30 famílias. A expectativa é de que o centro opere com ocupação total até dia 15 de julho.
As casas possuem capacidade para receber até cinco pessoas. Algumas já estavam montadas com uma cama de solteiro, uma cama de casal e um beliche. A disposição pode ser modificada conforme demanda de cada família.
A expectativa é de que o espaço sirva de moradia para os afetados por até seis meses, mas poderá ser prorrogada caso necessário. Um dos desafios será manter o conforto da família, sem que o espaço ganhe um caráter de permanência.
— É óbvio que ninguém está conformado com isso, a gente quer casas definitivas. Mas antes as pessoas estavam em galpões de CTGs, ginásios esportivos, lugares que não foram pensados inicialmente para receber as pessoas. É uma estrutura mais digna e organizada. Mas as casas definitivas são nossos desejos, mas isso leva tempo — afirma o governador Eduardo Leite.
Por recomendação da Acnur, as casas não possuem rede elétrica. Trata-se de uma medida de segurança para evitar sobrecarga na energia. Por isso, a iluminação se dá por meio de uma luminária fotovoltaica, carregada por energia solar. As famílias terão três refeições diárias no refeitório coletivo com capacidade para 450 pessoas. Terá ainda, espaço infantil, área pet, lavanderia, lactário e fraldário.
Um outro centro de acolhimento deverá ser aberto na próxima semana. O CHA Vida, na zona norte de Porto Alegre, está previsto para receber os primeiros moradores no dia 10. Um outro espaço está sendo construído no Centro Olímpico Municipal em Canoas. Este, no entanto, ainda não tem data de abertura definida.