Usuários do transporte público de Cachoeirinha, na Região Metropolitana, estão reclamando da qualidade do serviço prestado pela Transcal nas últimas semanas. Há relatos de demora, superlotação e linhas que não passam mais em determinados horários. Passageiros creditam a piora a uma sobrecarga da empresa, que estaria prestando serviços emergenciais em Canoas após a enchente. A Transcal nega que as operações estejam impactando o serviço em Cachoeirinha.
Conforme as reclamações, os problemas se agravaram após a enchente. Nesse período, a empresa, que atua em Canoas, Cachoeirinha, Gravataí e Alvorada, está sendo responsável por fazer o transporte dos passageiros da Trensurb entre a estação Mathias Velho e o centro de Porto Alegre. A empresa também transporta os passageiros dos voos da Fraport, entre a Base Aérea de Canoas e o ParkShopping.
A Rádio Gaúcha esteve nas paradas de ônibus 58 e 59, ambas na Avenida General Flores da Cunha, entre 6h e 8h desta sexta-feira (28). Na parada 58, alguns passageiros aguardavam por mais de 30 minutos por um ônibus para Porto Alegre. Carolina dos Reis Aguiar trabalha na Capital, e tem saído de casa mais cedo para conseguir chegar no trabalho a tempo. Normalmente, ela costumava utilizar a Trensurb após descer na Avenida Farrapos. Sem o serviço, ela está tendo que caminhar oito quadras diariamente.
— As pessoas têm que sair mais cedo. A empresa de ônibus também deve ter cedido os ônibus pra Canoas, que foi uma cidade mais afetada, inclusive pelo trem. Nós de Cachoeirinha estamos sendo afetados por conta dos horários dos ônibus. Acredito também que tem muitas pessoas que não estão conseguindo pegar as suas conduções porque eles estão lotados —afirma.
Com a deficiência no transporte, algumas pessoas estão aumentando seu trajeto e utilizando outras linhas pois os itinerários habituais não circulam com a mesma frequência. Em outros casos, buscam-se alternativas para se deslocar. Adriano Machado da Silva desistiu de esperar e resolveu pedir um transporte por aplicativo de dentro da parada.
— O ônibus tá demorando tanto que tive que chamar o aplicativo, já passou do meu horário, preciso bater cartão e não tem ninguém pra socorrer. Já deveria ter passado há 10 minutos — reclama.
Questionadas, a Transcal e a Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional (Metroplan) garantiram que as operações não estão afetando os demais deslocamentos. E que todos os coletivos usados para o translado já eram disponibilizados exclusivamente para a integração com os trens. Atualmente são disponibilizados 38 coletivos para o translado, além de dois reservas.
Sobre os atrasos, a empresa afirma que horários do pico (das 6h30min às 8h e das 16h30min às 18h30min) em Cachoeirinha já foram restabelecidos, e apenas nos demais horários não foram retornados para “melhor fazer uso do benefício da integração entre sistemas”.
Confira a nota da Transcal
"Em relação a matérias veiculadas esta manhã na rádio Gaúcha, a Transcal gostaria der esclarecer que, no início do evento das enchentes, necessitou reduzir algumas linhas dos trechos 'Cachoeirinha/Gravataí-Porto Alegre', com o objetivo de adequar-se à demanda daquele momento, que também havia se reduziu significativamente. Entretanto, com a retomada da demanda pelos usuários, a empresa vem ampliando diariamente, desde o dia 10/06/2024, as suas linhas desses trechos (Fátima, Anair, Parque da Matriz e Granja Esperança), para melhor atender os passageiros no horário de pico matutino e vespertino.
A suspensão temporária do atendimento no entre-pico até então era justificada pela baixa demanda de passageiros e pela sobreposição das linhas urbanas com as metropolitanas, onde duas empresas passam pelas mesmas vias. Porém, a Transcal retomará a partir de 01/07/2024 a operação completa das linhas mencionadas anteriormente. Os horários estarão disponíveis no site www.transcal.com.br e as viagens podem ser acompanhadas em tempo real através do aplicativo Teu Ônibus.
A Transcal esclarece ainda que suas operações do Sistema de Integração com a Trensurb em Canoas são distintas da operação em Cachoeirinha, e que estão sendo utilizados apenas os 40 veículos que eram empregados na integração dos bairros com o trem, não representando, portando, nenhum prejuízo aos atendimentos de Cachoeirinha e Gravataí para Porto Alegre."