O bairro Mathias Velho, em Canoas, foi um dos mais atingidos pela enchente de maio no Rio Grande do Sul. Circular pelas ruas da comunidade ainda é desafiador, enquanto o poder público não dá conta de recolher todos os resíduos deixados pelos estragos.
Ainda assim, há quem tenha se agilizado para tentar retomar um pouco da normalidade e, principalmente, prestar atendimento à comunidade. É o caso do comércio administrado por Juarez Varisa, 53 anos. Uma fruteira e açougue numa das principais vias do Mathias Velho.
— Acho que somos um dos poucos comércios do setor de alimentação que já conseguiram reabrir aqui na vizinhança — relata Juarez.
Os cerca de 40 dias de portas fechadas — sendo 30 deles com a loja submersa —, não foram suficientes para que o comerciante desistisse do ponto comercial aberto há 30 anos. A parte de açougue ainda não reabriu, em razão dos estragos nas câmeras frias. E também porque é necessário um vidro específico para consertar o balcão onde ficavam expostas as carnes.
Ainda assim, com ajuda do filho Eduardo Varisa, 21 anos, Juarez conseguiu consertar um freezer da loja que ficou submerso, além dos expositores de frutas, a grande atração do local. Nova pintura, novos espelhos e, claro, novas frutas, verduras e legumes fazem parte do cenário. Enquanto recebia a reportagem, Juarez espalhava o colorido dos produtos naturais pelos expositores.
— Muita gente ainda não retornou para o bairro, então, estamos aqui mais para poder oferecer algo a quem conseguiu retornar — explica.
Com o passar do tempo, pai e filho acreditam que o bairro conseguirá superar o percalço imposto pela enchente. Assim como outras regiões atingidas pela água. O próprio funcionamento da fruteira da família Varisa tem ligação com outro importante recomeço do Rio Grande do Sul: a Ceasa, que retornou ao seu espaço tradicional na semana passada. É lá que Juarez busca boa parte dos produtos vendidos em seu comércio.
— Apesar de estar ainda provisório, é importante irmos retomando o funcionamento desses espaços — comemora o comerciante.
Atualmente, a família tem atendido no espaço de domingo a domingo. A expectativa é de que, com a normalização dos fornecedores, seja possível fazer os demais consertos para que o espaço volte atender nas mesmas condições do período pré-enchente.
— Vamos sentir também como o bairro se comporta. Torcemos pela retomada de circulação de moradores pelo comércio local — projeta Juarez.
Retomada em Canoas passa pelo comércio
Rodando pelas ruas do bairro Mathias Velho, é possível notar que estão no setor comercial os primeiros passos da retomada no bairro mais populoso de Canoas. Enquanto nas áreas mais residenciais o processo ainda é lento, diversos comércios já estão de portas abertas.
Alguns espaços aparentam estar completamente reformados depois dos efeitos deixados pela enchente. Mesmo em pontos onde a água atingiu mais de 4 metros de altura, é possível encontrar locais que já conseguiram reabrir.
No própria fruteira da família Varisa o nível do alagamento atingiu parte do segundo andar do prédio. Entre outros reparos que ainda precisarão ser feitos no comércio estão questões como melhoria das instalações elétricas e reconstrução do teto de gesso, que foi quebrado pela força da água. Ainda assim, dentro do possível, os comerciantes têm se esforçado para atender quem chega aos locais.