A prefeitura de Porto Alegre firmou um acordo com famílias atingidas pela enchente no bairro Sarandi, na Zona Norte, para garantir imóveis em locais fora de áreas de risco. São moradores que residem em cima do dique do Sarandi, na Vila Brasília, e que tiveram as suas casas tomadas pelo nível e a força da água. Com isso, foi iniciada nesta quarta-feira (29) a demolição dos imóveis no local.
Ao todo, são 37 residências que serão demolidas. Nesta quarta, foram cinco casas. Depois desta primeira ação, máquinas e caminhões iniciaram a reconstituição provisória de um dos quatro pontos em que o dique do Sarandi apresentou extravasamento. O primeiro trecho reconstruído é um espaço de aproximadamente 10 metros. Outras três partes, incluindo o trecho mais afetado, que tem cerca de 20 metros, também serão reparadas.
Para auxiliar as 37 famílias, a prefeitura propôs um benefício chamado Bônus-Moradia. A medida, que viabiliza a compra de um imóvel de até R$ 127 mil pelo município, será destinada aos núcleos familiares que foram removidos para a recomposição do dique.
Um dos moradores é Paulo Ricardo Porfilio, 62 anos, que teve a casa arrastada pela força da água após o extravasamento da estrutura. Ele voltou ao local, pela primeira vez, com esperança de encontrar algum resquício da residência e os animais de estimação.
O idoso, que trabalha como pedreiro, tinha quatro gatos. Por conta da velocidade que a água subia, não houve tempo para retirá-los da casa, que agora deu espaço a terra, pedras e restos de asfalto utilizados para recompor o dique.
— Quando acordei, a água estava batendo no meu colchão. Não deu tempo de salvar nada, nem os meus gatos. Aqui era a minha felicidade e tinha planos de vida. A gente quer atitude e isso tudo dói dentro do coração gaúcho — lamentou.
O acordo com 37 famílias atingidas foi concluído nesta quarta, na sede do Departamento Municipal de Habitação (Demhab). Outras cinco, que alegam que tiveram as casas arrastadas pela força da água, devem ser incluídas pelo município na lista.
O Ministério Público (MP) acompanhou a reunião, que contou com a presença de um grupo de moradores e parlamentares. Segundo a secretária municipal de Habitação, Simone Somensi, serão feitos acompanhamentos individuais aos afetados, para, posteriormente, incluí-los em programas de auxílio.
— Ainda temos um levantamento para concluir sobre os imóveis perdidos na Capital. Posteriormente, ele será encaminhado ao Ministério das Cidades para alinharmos as ofertas via programas que estão sendo instituídos — disse.
Os reparos de todos os trechos afetados na estrutura do dique serão concluídos até domingo. Apesar do acordo, moradores da Vila Brasília exigem que todas as 255 famílias que moram em cima do dique recebam o benefício.
Casa de bomba do bairro Humaitá retoma operação
A Estação de Bombeamento de Água Pluvial número 5 (Ebap 5), do bairro Humaitá parou e voltou a funcionar nesta quarta. Segundo o DMAE, houve um problema no gerador que alimenta a Ebap 5, o que causou a interrupção no funcionamento por cerca de meia-hora. O problema foi registrado no final da manhã e afetou o funcionamento da bomba de drenagem emprestada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
Uma equipe técnica formada por profissionais da autarquia e da Sabesp foram até o local para normalizar o serviço. A casa de bomba não está operando com 100% da capacidade operacional, mas tem auxiliado no escoamento da água da chuva no bairro Humaitá e na Vila Farrapos.
Com o recuo da água no bairro Humaitá, a Sulgás estabeleceu uma força-tarefa para garantir o retorno do serviço de gás natural em partes que foram afetadas na região. Cerca de 50% da área afetada no bairro já pode voltar a consumir o produto.
A ação, de acordo com a concessionária, também foi realizada no bairro Fátima, em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre.