Um grupo moradores da zona sul de Porto Alegre está alojado em um caminhão, na Estrada Otaviano José Pinto, no bairro Lami, para distribuir alimentação e donativos para atingidos pela enchente na região. Três pessoas relataram dormir na carroceria do veículo desde a semana passada. Voluntários das proximidades também auxiliam no preparo e na compra do material necessário para o almoço, a janta, cafés e lanches.
A estrutura improvisada com lonas, mesa de madeira e uma espécie de fogão de tijolos está localizada à frente do Mercado Extremo Sul. Dali partem, inclusive, itens dos mais variados que são levados para uma população isolada na Barra do Ribeiro, em Guaíba, segundo conta o pescador Lauri Goettems, 44 anos, um dos líderes da iniciativa e que também tem virado as noites no caminhão.
— Não levo só alimentação, levo combustível, de tudo — comenta Goettems, que diz fazer o trajeto de barco pelo Guaíba.
Maria Alcinda Teixeira dos Santos, 44 anos, tem ficado no caminhão junto ao marido Jorge, 49. Ela afirma que preferiu liberar espaço em casa para abrigar uma filha, o genro e a neta, desalojados em função da enchente. O caminhão, que antes servia para carregar os mantimentos, tornou-se a pousada dos últimos dias. Dormindo no local, eles conseguem manter o "barracão" sempre aberto para quem busca ajuda.
Outro voluntário na ação é Endrew Silva, 32, responsável por preparar a alimentação, distribuída em marmitas. Ele teve a casa atingida pela enchente e perdeu todo o investimento feito em uma nova lancheria na chamada Praia do Lami.
— Em outra enchente, quebrou toda a lancheria. Reformamos e, a três semanas para reinaugurar, aconteceu isso. Só que dessa vez foi muito pior. Noventa por cento das casas da beira da praia estão no chão — explica Silva.
A estimativa é que cerca de 60 pessoas recebam as marmitas oriundas dessa ação solidária. O ponto também coleta donativos de quem quiser colaborar com a população vulnerável do Lami.