O prefeito Sebastião Melo concedeu uma coletiva no fim da manhã deste sábado (4) para atualizar a situação das inundações que atingem Porto Alegre. A preocupação com os vazamentos do dique do Arroio Feijó, que intensificaram os alagamentos no bairro Sarandi, a ampliação dos pontos de abrigamento, alerta para falta de água e possíveis medidas futuras a serem tomadas estiveram entre as questões abordadas na entrevista realizada no Centro Integrado de Comando da Capital.
Melo afirmou que, desde a noite de sexta-feira (3), estão sendo tomadas medidas para evitar o rompimento do dique. No entanto, ainda assim, a água segue vazando.
— Isso aumentou muito o alagamento naquela região. Acolhemos mais de 300 pessoas nesta manhã e deve ter mais de 300 aguardando. Ali requer atenção especial. Se continuar extravasando, é menor o dano, se romper dique temos alagamento total do Sarandi — disse.
Questionado sobre o que mais pode ser feito para evitar o rompimento do dique, Melo elencou algumas ações, mas reforçou o alerta para a população.
— Vamos continuar rezando para baixar o Guaíba. Trabalhando botando sobras de asfalto, sacos de areia durante a noite, e foi insuficiente, porque a água subiu muito. Partimos para as pedras. Vamos fazer todo o esforço para conter, mas continua vazando. O problema é se romper. O pedido que fazemos é para que as pessoas saiam enquanto há acesso terrestre — ressaltou.
Na coletiva, o prefeito estava acompanhado de Maurício Loss, diretor-geral do Departamento de Água e Esgotos (Dmae), que abordou a situação das comportas 11 e 12. Loss confirmou que essas comportas vêm apresentando vazamentos.
— Seguem íntegras, porém não conseguimos estancar totalmente. Segue passando uma pequena quantidade de água sim por essas comportas. Mas estamos conseguindo conter grande parte do avanço das águas. Por isso que essa região ali segue alagando, mas numa velocidade muito menor do que se não houvesse essas comportas. É um sistema construído na década de 1960 e está sendo submetido a uma prova que quem construiu jamais pensou que seria submetido — explicou.
Indagado sobre as medidas a serem tomadas no futuro em relação ao muro de contenção e as comportas, Melo afirmou que pretende determinar que todos os portões sejam revisados.
— Neste momento, estamos focado só em acolher as pessoas e salvar vidas. Mas nós vamos revisar todos esses portões. É importante que revise, mas essa decisão vem logo em seguida. Sou muito transparente, não tenho dificuldade de enfrentar crise. Neste momento não vou buscar culpados. Antes de mim, teve dezenas e dezenas de prefeitos e cada um fez na sua época, a sua parte. Mas as crises sempre são oportunidade para rever — afirmou Melo, antes de acrescentar:
— Não tenho dinheiro para tudo. O Dmae tem orçamento e limites. Mas essa questão do muro de contenção está sofrendo seu grande teste agora. Nunca foi testado dessa forma. Acho que ele merece, sim, em relação ao muro está resistindo bem, mas vamos ter que fazer uma governança e um sistema de proteção de Porto Alegre. Mas eu não vou tratar disso agora — afirmou.
Falta de água
Outro ponto abordado é a falta de água que já está afetando moradores da Capital. Segundo a prefeitura, somente as Estações de Tratamento do Menino Deus e do Belém Novo estão funcionando no momento. Com isso, o abastecimento de diversas regiões de Porto Alegre já está prejudicado.
— Mais do que nunca, é o momento de racionarmos água — destacou o prefeito.
Melo falou ainda sobre a questão dos abrigamentos da população. Segundo o prefeito, atualmente a Capital conta com 10 abrigos, sendo que o ponto de referência e de chegada das pessoas é o Teatro Renascença. A partir dali, é realizada a triagem para saber se a pessoa pode ser encaminhada para casa de familiar ou será remanejada para outro abrigo.
Sobre as doações que estão sendo recebidas, o prefeito reforçou os pedidos em relação aos colchões e água. A prefeitura e a Defesa Civil de Porto Alegre concentraram o ponto de coleta para doações no depósito da Defesa Civil da Capital, no bairro Jardim Botânico.