A feira SOS Cultura é realizada nesta quinta-feira (30), das 9h às 17h, na Avenida José Bonifácio, no canteiro em frente à Igreja Santa Teresinha, no bairro Bom Fim, em Porto Alegre. Trata-se de uma ação solidária de arrecadação de produtos de higiene, limpeza e agasalhos. Os donativos serão repassados para os próprios participantes, alguns dos quais perderam as casas e as matérias-primas usadas para o trabalho.
A ação é uma mobilização do coletivo SOS Artesãos e Artesãs do RS, grupo de entidades reunidas com o objetivo de encaminhar propostas para todas as esferas do poder público, com sugestões e pedidos de auxílio para a retomada das atividades. Há caixas coletoras de doações no local.
O artesão César Veiga Martins, 49 anos, é um dos que não tem mais nada depois da cheia do Guaíba. Morador da Ilha da Pintada, no bairro Arquipélago, ele perdeu casa, carro e materiais utilizados para trabalhar. Precisou ir com a mãe para a casa do irmão, no bairro Passo D'Areia. Agora, alugou uma casa simples na Vila Jardim. O artista, que estima R$ 50 mil em prejuízos, cria pequenas esculturas com talheres encaixados, técnica conhecida como metal dobradura.
— Estou vendendo aqui o que sobrou. Essas peças estavam na casa de um amigo na Cidade Baixa — diz ele.
O SOS Artesãos e Artesãs do RS abrange artesãos, artistas e pequenos produtores dos ramos da cosmética natural, gastronomia, brechó, livraria e artesanato indígena. Todos foram impactados diretamente pela catástrofe da enchente. Conforme os organizadores, existem mais de 70 mil artesãos no Estado.
— Muitos colegas perderam tudo. Vamos distribuir o que for arrecadado para quem não pôde trabalhar — explica um dos organizadores da feira, o artesão Francisco Rivas, conhecido como Pancho, 58 anos.
Quem circular pela Avenida José Bonifácio poderá ajudar a classe adquirindo livros, bolsas, sapatos e diversas peças feitas de forma artesanal.
— Estamos vivendo uma situação que, lamentavelmente, deverá se estender por alguns meses — observa a artesã Maria Amorin, 66 anos, que trabalha na Cultura Local Artesanato.
A colega Suzana Macedo, 63 anos, afirma que não perdeu nada. Porém, enfrentou outro problema durante a enchente das últimas semanas.
— Não tivemos oportunidade de trabalhar. O que for arrecadado aqui vai para os colegas diretamente ou indiretamente atingidos — assegura.
A aposentada Nilda Francisca Silva da Silva, 77 anos, observava alguns produtos. Ela planejava comprar camisetas na banca do artesão Pancho.
— É muito importante que todo mundo colabore. O artesão trabalha com muito amor e carinho. Sou amiga e cliente deles — comenta.