Com a água baixando no centro histórico de Porto Alegre, o sábado (18) amanheceu com os comerciantes da rua dos Andradas reabrindo suas lojas para o início da limpeza dos restaurantes, padarias, lojas e livrarias que funcionam no local. A esquina com a João Manoel apresenta o maior acúmulo de água.
O início dos trabalhos para três funcionárias da livraria Só Ler, localizada no número 870 da avenida Andradas, foi diferente na manhã deste sábado. Usando galochas, luvas de borracha e portando rodos e uma enxada, Sabrina Nekel, Marciane Soares e Ynae Medeiros não esconderam a emoção ao encontrarem o local quase todo destruído.
— Não esperava encontrar uma situação tão ruim assim. Muito triste ver tudo isso assim. É uma vida trabalhando aqui dentro — disse Sabrina Nekel, 34 anos, que trabalha há 12 anos no local.
Quem também não conseguiu segurar a emoção foi Marciane Soares. Prestes a completar um ano como funcionária da livraria, ela demonstrava preocupação com o futuro.
— A gente não sabe como vai ser a partir de agora. É o nosso ganha pão. Não sei se vamos conseguir manter nossos empregos. Muito triste — lembrou a funcionária que está prestes a completar seu primeiro ano como funcionária da Só Ler.
Trabalhando há oito meses na livraria, Ynae Medeiros, 24 anos, demonstrou todo o seu carinho pelo estabelecimento.
— A gente cuida desses livros todos os dias e ver tudo o que a gente cuida, ir embora é muito triste. Levantamos algumas coisas, disseram que subiria uns 30 centímetros, mas foi muito mais — disse Ynae.
Além das funcionárias da livraria, os donos de restaurantes, bares e padarias da região da Andradas também aproveitaram o sol da manhã de sábado para o início da faxina. A CEEE Equatorial religou a luz em vários pontos do Centro Histórico, mas na Andradas, devido a partes ainda alagadas, estes estabelecimentos ainda estavam às escuras na manhã deste sábado.