Previsto para começar na próxima segunda-feira (8) o processo de demolição do Esqueletão, no Centro Histórico de Porto Alegre, gera apreensão entre comerciantes do entorno do prédio de 19 pavimentos. Eles sentem, principalmente, falta de informações da prefeitura sobre como será o procedimento. Na quinta-feira, o Executivo começou a distribuir panfletos no local, convocando os interessados para uma coletiva de imprensa na segunda-feira pela manhã e para uma reunião na terça.
Proprietário de uma banca de produtos diversos na Rua Marechal Floriano Peixoto, de frente para o Esqueletão, o comerciante Vladimir Franco, 42 anos, olhava de forma serena para os tijolos à vista do imóvel na manhã desta sexta-feira (5).
— Se eu dissesse que estou tranquilo estaria mentindo. Será preciso esperar o início da demolição para ver o que fazer — afirma ele, que abriu o ponto há apenas cinco meses no local.
Em uma tabacaria localizada a poucos metros do prédio que será derrubado ao longo dos próximos meses, o clima é semelhante. Todos dizem não ter informações sobre como será executado o serviço.
— Não caindo nada em cima de nós está bom. A prefeitura só veio aqui ontem (quinta-feira, dia 4) trazer um convite para a reunião da terça-feira que vem — explica a gerente Julie Bertissolo, 26.
A florista Fabiana Ramires, 48, tem um ponto no canteiro central da Avenida Otávio Rocha. Trabalha com a venda de flores desde os 10 anos de idade, sempre nas imediações do Esqueletão. A comerciante sabe que haverá uma proteção no entorno do edifício, para evitar que destroços atinjam os arredores, mas, mesmo assim, acredita que os riscos serão grandes.
— Eu vou resumir o que todo mundo pensa: preocupação imensa — diz ela.
— Ficamos preocupados se fecharia a Otávio Rocha. Disseram que não vão fechar — acrescenta a colega Vanessa da Silva Alves, 42.

Gerente de uma loja de roupas encostada no Esqueletão, em uma via lateral, Jonas Pereira, 35, receia pelo estabelecimento no qual trabalha. Ele diz ter certeza de que o fluxo de clientes diminuirá e as vendas cairão.
— O meu medo é que a estrutura daqui seja mexida de alguma forma. Não sabemos o tempo que ficaremos fechados e quanto vai demorar para fazerem a limpeza — observa, salientando a preocupação com o risco de algum material da demolição cair no telhado da loja.
Também gerente de uma loja de roupas quase ao lado do Esqueletão, Ana Cristina Antunes, 50, comenta que o ponto na Marechal Floriano existe há 42 anos. No local, o clima de apreensão é percebido até entre os funcionários.
— Todos estão com medo pelo fato de o nosso prédio ser muito antigo. Com a futura obra, os clientes ficarão mais apreensivos para vir. Estamos bem apavorados — revela a gerente, receando ainda o fechamento da via para carros e pessoas.

A demolição
No começo de agosto de 2023, a prefeitura apresentou o modelo escolhido para demolição do imóvel, que fica situado na Rua Marechal Floriano Peixoto, esquina com a Avenida Otávio Rocha.
A estrutura será demolida, nos andares superiores, de forma manual e mecânica. Já os 10 primeiros níveis serão implodidos, com auxílio de explosivos.
Detalhes finais devem ser apresentados na coletiva de imprensa marcada para segunda-feira (8), às 9h, no Paço Municipal.
O que diz a prefeitura
A reportagem entrou em contato com a prefeitura da Capital. A Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smoi) destaca que está desde quinta-feira (4) comunicando moradores e comerciantes da região sobre uma reunião para esclarecimentos.
O encontro será realizado na próxima terça-feira (9), às 18h, na Rua General João Manoel, 157 (18º andar). Por nota, a pasta respondeu o seguinte: "O posicionamento é que a prefeitura vai se reunir na terça-feira com os moradores para tratar da demolição e passar todas as informações necessárias".