Ao menos oito mil pessoas permanecem prejudicadas pela chuva e outras 770 estão em abrigos oferecidos pela prefeitura em Eldorado do Sul, na Região Metropolitana. Os números foram atualizados na tarde desta sexta-feira (24) pela Defesa Civil municipal. Segundo o órgão, cerca de 70% dos moradores da cidade registraram algum tipo de prejuízo causado pela enchente.
Com a água baixando nos pontos atingidos, moradores contam com auxílio de caminhões e maquinários da prefeitura para retirar móveis e materiais estragados para fazer a limpeza das casas. Os bairros Cidade Verde e Picada são os mais afetados. De acordo com o coordenador da Defesa Civil de Eldorado do Sul, João Carlos Ferreira, houve um recuo da água em localidades como os Sans Souci e Itaí, o que permitiu a parte dos moradores retornar para suas residências.
Atleta paralímpico faz campanha para ajudar atingidos
Marcos Martins Rodrigues, 42, é morador do bairro Cidade Verde há 38 anos e perdeu praticamente todos os móveis da casa, além de eletrodomésticos. Há dois meses, durante a primeira cheia, a residência dele e da esposa Lilian foi atingida pelas águas do rio. Parte da estrutura foi danificada e precisou ser reformada.
O quarto do casal foi o último cômodo a ser concluído, há 17 dias. No entanto, com o nível e a força da água, a estrutura foi completamente danificada.
— Só deu tempo de sair de casa, pegar roupa, documento e sair correndo. Só salvamos a geladeira e a máquina de lavar. Foi pior que na outra enchente. A água aqui bateu quase no pescoço. Saímos de patrola aqui de dentro. Agora é ter fé em Deus e trabalhar. Recém tinha reformado o quarto e o banheiro. Há 17 dias, sabe? Frustração muito grande — lamentou.
Também morador do bairro Cidade Verde, o paratleta e competidor nacional de atletismo Wallison Fortes, 27, teve a casa em que reside há duas décadas atingida pela cheia. Ele e a família nunca haviam sido afetados por um evento do tipo no bairro, devido à distância do Jacuí.
Mesmo com os danos, Wallison tem ajudado os vizinhos e amigos atingidos pela cheia. Um deles é Marcos, que conhece desde a infância. Para ajudar o amigo, ele criou uma vaquinha para angariar fundos.
— Nesse momento a gente não pode ser egoísta e tem que ajudar as pessoas. Como atleta, eu trabalho para isso. Meu papel é olhar para o lado e fazer a diferença. Ninguém quer esse mal para ninguém. É importante ajudar — disse.
Aulas retornam a partir da semana que vem
A partir de segunda-feira (27), as 12 escolas do município que suspenderam as aulas por conta das cheias retomam as atividades normalmente. O serviço de limpeza dos locais deve ser concluído até o final de semana.
Mais um estabelecimento de ensino foi identificado como danificado. Se trata da Escola Fundamental José Gomes de Vasconcelos Jardim. Ela não retomará as atividades devido à cheia do Jacuí e a pressão da água na região.
Auxílio aos moradores
A prefeitura de Eldorado do Sul também confirmou que há um cadastramento de famílias atingidas pela enchente para encaminhá-las para o programa Aluguel Social. Com a iniciativa, será oferecida ajuda de custo de meio salário mínimo aos moradores afetados.
Atualmente, segundo a prefeitura, 30 famílias são mantidas cotidianamente através do programa. Ao menos 20 que perderam suas casas devem ser atendidas pelo programa de maneira imediata. Além do Aluguel Social, a prefeitura deve auxiliar moradores afetados por meio de outro programa já existente, o Moradia Digna.
A medida foi criada para ajudar os moradores que perderam residências e não possuem condições financeiras para recomeçar. Através do programa, são oferecidos materiais de construção para que as famílias reconstruam suas casas.
Doações para o morador afetado
Para ajudar Marcos e a família, Wallison disponibilizou o Pix, através do e-mail paratletafortes@gmail.com para doações. Também são aceitos materiais de limpeza, higiene e alimentos.