Há, pelo menos, 12 dias sem luz, moradores da praia de Paquetá, em Canoas, sofrem com os transtornos causados por alagamentos. Mesmo com a queda no nível do Rio dos Sinos, a população da Estrada da Prainha só consegue deixar determinados pontos do local com o uso de barcos. Atualmente, 255 famílias são afetadas pelas cheias na cidade, como na Avenida Antônio Wobeto, no bairro Mato Grande.
Almir de Oliveira Lopes, 62 anos, é um dos moradores afetados pela falta de energia elétrica na praia de Paquetá. Ele aponta para o descaso da prefeitura e da RGE com a comunidade ribeirinha.
— Agora dá para o caminhão entrar na rua e ligar a luz novamente. Eles vieram aqui para mexer e estragou tudo. Estamos completamente engatados por eles. Ninguém veio falar nada para nós — disse.
No Mato Grande, além da praia de Paquetá, locais como a Rua da Barca estão com pontos alagados. As ruas Berto Círio e Fazendinha também sofrem com o impacto da cheia do Rio dos Sinos.
Procurada por GZH, a concessionária RGE informou que a interrupção no fornecimento de energia elétrica no local informado ocorre desde o dia 30 de setembro, em função do alagamento que persiste.
Em nota, a empresa disse que a energia só poderá ser religada quando a água baixar a níveis seguros, evitando, assim, risco de acidente.
Em outro ponto da cidade, alagamento completa um mês
Na Avenida Antônio Wobeto, moradores como Karine Laucksen, 41 anos, e Alexandre Ribeiro da Silva, 40, sofrem há um mês com o acúmulo de água na região. Além do cheiro de esgoto no local, diversas propriedades foram afetadas, resultando em prejuízos.
Em parte das localidades, mesmo sem chuva, o nível de água não baixa.
— Eu moro aqui há cinco anos e não tinha visto a situação assim antes. A água vem do arroio e não há muito o que fazer, porque parece não ter projeto. O pessoal até fez manifestação recentemente para chamar atenção — contou o morador.
O fechamento de comércios locais, em razão da água acumulada e a impossibilidade de as crianças frequentarem as escolas da região motivou a comunidade a criar um grupo para pleitear melhorias.
— A gente vai continuar fazendo manifestação. Estamos desassistidos. É um mês nessa situação. A prefeitura gastando dinheiro com a semana Farroupilha e nós aqui, debaixo da água. Tudo aqui está fedendo a esgoto – relatou Karine.
Solução permanente somente com dique e casa de bombas
Segundo o secretário de Obras de Canoas, Guilherme Molin, a região é desprotegida contra cheias, pois não é servida por casas de bombas. Toda a drenagem do bairro acontece por gravidade, com a água escorrendo para o Arroio Araçá, afluente do Rio dos Sinos.
Como medida paliativa, uma barreira foi construída junto ao arroio e cinco bombas provisórias foram instaladas na região.
Para reforçar a atuação contra o acúmulo de água na região, duas novas Casas de Bombas e um dique serão construídos no bairro. Cerca de R$ 70 milhões serão investidos no projeto da prefeitura através de recursos obtidos junto à Corsan.
A expectativa é de que as obras comecem no segundo semestre do ano que vem.