Apesar da trégua na chuva e da água que recuou nos últimos dois dias, moradores da região das ilhas, em Porto Alegre, voltaram a se preocupar com o vento Sul que predomina na Capital na manhã deste sábado (30). Moradores da Ilha das Flores e da Pintada relataram à reportagem que o nível parece ter subido um pouco.
— A Defesa Civil já tinha dito para nós que hoje poderia subir de novo, mas parece que no domingo já vai dar pra gente voltar aos poucos, pra pelo menos limpar — disse a cozinheira Graziela Cardoso, que mora na Ilha da Pintada, mas está acampada na Ilha das Flores.
Nos dois abrigos disponibilizadas pela prefeitura, o número de acolhidos caiu neste sábado (30). São agora 100 no abrigo das Ilhas e outras 55 no Ginásio do Demhab, no bairro Santana.
— Eu já tinha limpado a cozinha de casa, mas agora a água voltou — lamentou uma outra moradora acampada, que não quis se identificar.
No entanto, um número indeterminado de pessoas ainda se recusa a sair de casa ou de barracas montadas nas proximidades, principalmente por medo de furtos ou para cuidar dos animais.
— O padre (Rudimar) também estava recebendo os animais, mas gato é mais difícil de carregar. Deixei eles na parte aérea e dou comida pra eles. Fico perto e já cuido da casa da minha mãe, da minha tia — completou Graziela.
Entre esses que permanecem próximos de casa, a reclamação é pela falta de energia elétrica há oito dias. Conforme o autônomo Julio Salcedo, alimentos estragaram e a região alagada se torna mais perigosa à noite.
— Esses dias a gente ajudou um senhor que caiu num buraco na escuridão. Quase se afogou e a gente precisou socorrer ele — contou o autônomo Julio Salcedo.
A CEEE Equatorial afirma que as equipes seguem trabalhando e verificando a possibilidade de religar energia nestes locais.