Sem poder ficar em casa em razão dos alagamentos, moradores das Ilha das Flores, em Porto Alegre, armaram barracas para seguir cuidando das suas residências. Diversas estruturas foram montadas às margens da BR-290 por pessoas que vivem do outro lado da via.
As barracas começaram a ser erguidas há uma semana, quando o nível do Guaíba começou a subir. No entanto, a maioria das famílias se estabeleceu na quarta-feira (27), quando a água avançou sobre as casas. Muitas das moradias improvisadas são feitas com lonas doadas pela Defesa Civil.
Os moradores utilizam itens da própria casa e doações para improvisar camas e fogões. Em uma das barracas, a comida é feita com uma lata de metal, que serve como um fogão à lenha.
— Se a gente ficar em parente a gente fica sujeito a todo mundo roubar as nossas coisas. Na hora da chuva fizemos tudo na corrida, nos ajeitamos como pôde — explica o frentista Carlos Alexandre Santos, 41 anos.
Milene dos Santos Caetano também está há um dia vivendo em uma barraca improvisada. Mas o espaço não é grande o suficiente. Por isso, o filho dela está tendo que usar o carro como lar provisório.
— Não tem uma estrutura, só bota um colchãozinho e dorme mal. Tá difícil, não tem onde fazer nada, onde tomar um banho, não tem um banheiro, nem onde fazer comida — lamenta.
Água baixando
Na Ilha da Pintada, a redução do volume nas áreas inundadas, como a Avenida Presidente Vargas, é visível. No entanto, em alguns pontos a água ainda bate na cintura e até no peito de uma pessoa adulta.
Famílias que saíram às pressas de casa durante as chuvas aproveitaram a manhã de tempo seco para retornar e avaliar os prejuízos. Letícia Renata Macedo acredita ter perdido tudo.
— A gente saiu ontem (quarta-feira) tentando levantar as coisas o máximo que a gente pôde e tirando meu filho de barco de dentro de casa. Mas não deu tempo de tirar tudo. Deve ter barro por tudo, e as coisas bem estragadas — projeta.