Moradores que vivem no entorno da praia do Lami, no extremo-sul de Porto Alegre, vivem momentos de angústia com a cheia do Guaíba. Na manhã desta quarta-feira (27), a água avançou sobre a praia, invadiu residências e destruiu estruturas.
A casa e o brechó de Lisamara Silveira foi um dos pontos destruídos. Nesta tarde, a reportagem flagrou móveis sendo arrastados por um beco da Rua Sonia Duro. Ela está abrigada na casa da filha, nas proximidades.
— Era parte de material (concreto) com madeira em cima. A onda batia e derrubava uma parte. Agora, a cozinha está desmoronando — conta Lisiamara, cujo sustento vinha do brechó que funcionava no mesmo lugar onde vivia.
Foi na Rua Sonia Duro que botes dos bombeiros chegaram a ser usados para remover moradores pela manhã, quando a água já impedia que alguns saíssem por conta. No entanto, por medo de saques, muitos resistiriam em sair de casa.
— A gente vai se abrigar aqui perto para cuidar da casa, porque infelizmente as pessoas ainda vêm saquear. Foram duas casas hoje — conta a cuidadora de idosos Cibele Ramos Ávila.
Quem também passou por dificuldades para sair de casa foi Odair Valter da Rosa. Era por volta das 6h quando não teve mais jeito e ele precisou deixar o imóvel que fica de frente para o Guaíba.
— Peguei minha mulher grávida e minha filha pequena e saí. Depois, voltei para buscar meu sogro, que é idoso — contou o homem, que mantinha uma carrocinha de milho, também arrastada pela água.
Durante a tarde, segundo moradores, a água recuou, mas o vento ainda provocava ondas mais fortes, que ameaçavam a estrutura das casas.