Mesmo sem chuvas fortes nos últimos dias, moradores de Alvorada, na Região Metropolitana, seguem enfrentando as dificuldades causadas pela enchente do Arroio Feijó e Rio Gravataí. Nesta quinta-feira (28), 1.037 residências permaneciam inundadas, numa situação que já perdura pelo menos 15 dias. No bairro Americana, um dos mais afetados, as águas começaram a tomar conta das ruas e casas há 17 dias.
Conforme a prefeitura de Alvorada, 226 pessoas seguiam fora de suas casas, 214 na casa de parentes, e 12 no Centro de Referência em Assistência Social Cedro (Cras). Os bairros mais afetados pela enchente são o 11 de setembro, Americana, Nova Americana, Sumaré e Cedro.
Quem opta por ficar em suas residências, diz que teme por arrombamentos. É o caso de Júlia Moura, 53 anos, que reside na Rua Americana. Na tarde desta quinta ela e uma vizinha buscaram doações para levar para casa, e voltaram para o local com auxílio de uma carregadeira.
— Não saí porque estão entrando nas casas, levando tudo que tem dentro. Nós estamos sem luz há 15 dias, a gente compra gelo para manter as carnes, e recebe cestas básicas. Eu abriguei uma família vizinha, porque a minha casa tem dois pisos, nós ficamos todos no andar de cima, o andar de baixo tá tomado de água — conta.
Outro desafio no município é a falta de energia elétrica. Nesta quinta-feira (28), Alvorada completa seu 15º dia sem luz em alguns pontos. De acordo com a CEEE Equatorial, são 390 clientes desabastecidos, a maioria nos bairros Americana e o Sumaré. Segundo a concessionária, os desligamentos ocorrem por causa do risco de choque elétrico nas áreas inundadas. Técnicos realizam visitas diárias, juntamente com a Defesa Civil para avaliar a situação.
Cerca de 300 voluntários de uma igreja descarregavam 12 toneladas de alimentos vindos de caminhão do Rio de Janeiro nesta manhã. As entregas para os moradores ocorrem por meio de barcos de voluntários, ou com auxílio de uma máquina carregadeira da prefeitura de Alvorada, que fica à disposição de quem precisa. Outra máquina que também era utilizada estragou no último sábado (23), segundo o servidor da prefeitura de Alvorada Márcio Andrade Garcia, que opera o maquinário.
— A gente vai na parte mais seca, nas ruas mais altas, os voluntários ou os moradores carregam a concha da máquina com o que precisam, e a gente leva as doações para as casas nas áreas inundadas, até onde a máquina chega. Uma máquina estragou justamente por andar na água — explica.
Procurada por GZH, a prefeitura de Alvorada se manifestou por meio de nota:
"A Prefeitura informa que possui duas máquinas carregadeiras. Atualmente, uma delas está disponível para atender às demandas da Defesa Civil, conforme solicitado por este setor. A segunda máquina, devido à sua condição mais antiga e para evitar riscos em operações aquáticas, encontra-se atualmente alocada na Secretaria de Obras, onde desempenha atividades de carregamento de materiais. Importante ressaltar que a máquina atualmente em operação, destinada ao auxílio da população, está plenamente funcional e oferece o suporte necessário para as operações em curso."
*Produção: Maria Stolting