A quarta-feira (27) amanheceu com novos pontos de inundação na Ilha da Pintada, no bairro Arquipélago, em Porto Alegre. A Rua Gabriela Nascimento, na entrada da cidade pela BR-290, apresenta áreas em que a água invadiu a pista. Por enquanto, no entanto, não há bloqueios no trecho.
Já na Avenida Presidente Vargas, mais residências foram alagadas até em partes onde a rua não foi afetada. Contudo, a água invadiu as casas pelos fundos dos pátios, onde nunca havia chegado antes, segundo moradores.
— Começou a inundar de madrugada. Nunca tinha entrado lá em casa. Agora, está em uns 30cm. Vou levar minha esposa para o abrigo e voltar para cuidar dos quatro cachorros que ficaram — relata o aposentado Rafael dos Santos, 68 anos.
Na última medição, no final da tarde de terça-feira (26), a régua manual da Ilha da Pintada marcava 2m5ocm.
Conforme o diretor-geral da Defesa Civil da Capital, coronel Evaldo Rodrigues de Oliveira, o Corpo de Bombeiros foi acionado par auxiliar em resgate de pessoas ilhadas, principalmente no extremo-sul da ilha.
No trecho de encontro da Rua Nossa Senhora da Boa Viagem e a Avenida Presidente Vargas, a inundação chega na cintura de quem se arrisca a seguir a pé. Por isso, moradores colocaram seus barcos para navegar pelas ruas e ajudar os vizinhos. Móveis, mantimentos, roupas, animais de estimação: tudo que for possível, é colocado sobre as embarcações.
A manhã de quarta-feira foi de uma grande debandada de moradores, que saíram de suas casas em busca de abrigo seguro. Ao mesmo tempo, outros permaneceram tentando salvar os seus pertences. O pedreiro Jeferson Teixeira, 36 anos, foi um deles.
— Hoje (quarta-feira) de madrugada acordamos com a água dentro de casa. Tentei erguer a máquina de lavar e o fogão, mas caíram. Agora, estou aqui catando as latas de tinta que saíram dos meus materiais — afirma ele.
Ilha Mauá
Na região da Ilha Mauá, as perdas foram ainda maiores. Com as casas de vizinhos desmoronando com a força da enchente, Natali Machado, 22 anos, saiu de sua residência às pressas.
— Entrou muita água dentro de casa. Parece que estamos na beira da praia. Subiu o nível muito mais rápido que de outras vezes. Em 2015, perdi o que tinha em casa. Agora, acho que vai acontecer de novo — lamenta ela, que está desempregada.
Um helicóptero da Brigada Militar foi utilizado para buscas na região. Segundo a corporação, nenhuma vítima foi encontrada durante o sobrevoo.
Na manhã desta quarta, a prefeitura contabiliza oficialmente 39 pessoas abrigadas na Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem, na Ilha da Pintada. Os 50 moradores que estavam na Escola Alvarenga Peixoto, na Ilha dos Marinheiros, tiveram de ser retiradas depois que a inundação cercou o abrigo.