Depois de três dias marcados por atrasos nas paradas de ônibus, usuários do transporte intermunicipal metropolitano voltaram a embarcar nos ônibus dentro do horário normal. O serviço foi normalizado após o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários Intermunicipais de Turismo e de Fretamento da Região Metropolitana (SindiMetropolitano) anunciar o fim da greve que ocorria desde a última quinta-feira (29).
GZH esteve em dois terminais no centro de Porto Alegre no final da tarde desta segunda-feira (3) e constatou que os ônibus estavam chegando dentro dos horários previstos. Um carro da empresa Sogil, que faz a linha na modalidade direto entre a Capital e Gravataí, operava em intervalos de 20 minutos entre as viagens. Durante a paralisação, a espera chegou a ser de 50 minutos. No terminal da praça Rui Barbosa, ao lado do camelódromo, usuários se sentiam aliviados por poder chegar mais cedo em casa.
— Hoje de manhã meu ônibus não passou, e pelo que meus amigos falaram, os poucos ônibus que tinham jogavam gente pra fora. Eu tive que ir de transporte por aplicativo, pois estava atrasado e sou novo no meu trabalho. Agora a sensação é de alívio por saber que a gente vai pegar o ônibus no horário certo — afirma Ronaldo dos Santos, 25 anos.
No terminal do viaduto da Conceição, várias filas se formaram à espera dos coletivos que partiam para cidades como Alvorada, Canoas e Cachoeirinha. No entanto, rapidamente as pessoas conseguiram embarcar, à medida em que os veículos chegavam nas paradas.
Jeferson Farias, 43 anos, utiliza ônibus da Transcal para ir para sua casa em Canoas. Ele trabalha em um condomínio no bairro Belém Novo, no extremo-sul de Porto Alegre. Antes da greve ser encerrada, ele diz ter pego o trem para conseguir chegar no destino.
— Eu costumo pegar o ônibus das 5h10min, mas hoje ele não passou. Tive que pegar um integração (que liga os coletivos às estações) para ir de trem até Porto Alegre. Levei uma hora e meia pra chegar no Centro. Normalmente em uma hora eu já estou no trabalho — afirmou, enquanto aguardava o coletivo. Um minuto depois, a linha que ele utiliza havia chegado no terminal, dentro do horário.
Durante a manhã, rodoviários e o Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários no Estado do Rio Grande do Sul (Setergs) chegaram a um acordo em relação à reposição salarial solicitada pela categoria. Isso foi possível em razão de um aporte de R$ 42 milhões feito pelo governo estadual às empresas. O Estado já havia confirmado a medida, mas estava impedido de fazer o repasse devido a uma ação judicial.
Reajuste da tarifa indefinido
Com a questão da greve superada, as empresas seguem reivindicando ao Estado um aumento do valor da passagem. O último reajuste foi feito em 2021. Conforme a Associação dos Transportadores Intermunicipais Metropolitanos de Passageiros (ATM), o período sem aumento causa uma defasagem de 34% no faturamento das empresas.
A Metroplan afirma que ainda não há nenhuma definição sobre qual será o reajuste, nem quando que a medida será aplicada. O órgão ainda faz estudos para viabilizar o cálculo que, uma vez definido, passará pela aprovação da Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul (Agergs). Um dos cenários cogitados pela ATM, é de que o reajuste gire em torno de 24%, sendo colocado gradualmente em prática, com aumentos de 6% em agosto, mais 6% em janeiro e os demais 12% ainda sem data definida.