Uma das casas noturnas mais reconhecidas e apreciadas pelo público apaixonado por música popular em Porto Alegre reabrirá suas portas. Chalas é o nome do novo empreendimento que irá funcionar onde existia o Chalaça Bar. A proposta, no entanto, será bastante diferente da anterior, asseguram os empreendedores que assumiram o projeto.
— Nossa ideia é um local onde as pessoas possam sentar para ouvir música, saborear drinques, bebidas e petiscos. Não será uma casa de dança como no passado. A nova proposta é de um lugar agradável para o happy hour — diz Rogério Passos, 42 anos, um dos novos empreendedores.
A casa, localizada no bairro Ipanema, na Zona Sul, teve importante participação na cena de shows musicais nas duas últimas décadas. Nela, apresentaram-se artistas como Mumuzinho, Turma do Pagode, Molejo, MC Sapão, Nego do Borel e Livinho.
Com a pandemia e as restrições que foram determinadas para tentar frear o avanço da covid-19, impedindo a reunião de pessoas em ambientes fechados, o Chalaça foi fechado após 20 anos e nunca mais abriu.
Passos conta que, embora a proposta de negócio seja diferente do modelo anterior, houve a decisão de manter um nome semelhante em virtude da popularidade do antigo empreendimento.
Nesta segunda-feira (15), a reportagem de GZH esteve no local e observou as mudanças. A imagem de abandono que se percebia a partir de 2020 deu espaço a um visual de reforma.
O exterior do prédio, situado diante da Praça Senador Alberto Pasqualini, cerca de 300 metros da orla do Guaíba, está recuperado, com pintura e letreiro novos. O mato que crescia nos canteiros frontais e quase encobria a velha fachada, não existe mais.
Investimentos também estão sendo aplicados na reforma do telhado, o qual havia ficado bastante danificado pela falta de manutenção dos últimos anos, e ainda na recomposição do mobiliário e na decoração do interior.
Os novos empreendedores não revelam quando o Chalas estará reaberto plenamente, pois ainda há itens pendentes para a retomada do funcionamento.
— Faltam detalhes como móveis e itens de decoração. Queremos construir um espaço atraente para grupos de pessoas, em especial para famílias. Teremos um cardápio elaborado para diferentes preferências. Este menu está sendo pensado para surpreender quem gosta de boa comida, num ambiente com música ao vivo — conta o empreendedor Lucas Dias, 33 anos.
Teste despertou atenção na vizinhança
Em final de abril os novos proprietários do empreendimento realizaram uma experiência em uma noite de reabertura. Segundo eles, a atividade teve função de testar a nova infraestrutura.
O teste reacendeu uma preocupação para a vizinhança do Chalaça. Moradores das proximidades queixavam-se constantemente de dificuldades com o som das apresentações musicais, considerado excessivamente alto por algumas pessoas, e com a segurança no entorno do ambiente de eventos.
— Vai começar de novo aquele problema? Somente na pandemia passamos a ter sossego em todas as noites aqui no bairro — interpela o empresário Márcio Nunes, 45 anos, administrador de uma casa geriátrica localizada numa das quadras próximas ao Chalas, interrompendo a entrevista.
Rogério e Lucas, os novos proprietários, pararam para ouvir o questionamento em tom de reclamação. Garantiram para Márcio e para a reportagem que haverá uma relação respeitosa com a comunidade.
— Para estas questões de barulho existem hoje tecnologias que ajudam a medir a intensidade sonora e a manter a música dentro de padrões previstos em lei. Não viemos para trazer transtornos. Pelo contrário, queremos que a comunidade seja frequentadora do nosso empreendimento — antecipa Passos.