Porto Alegre comemora 251 anos neste domingo (26). Em sua história, a cidade já foi cenário de inúmeras produções cinematográficas que eternizaram suas ruas em imagens, seja em obras de ficção ou documentários.
Veja a seguir uma lista com 10 filmes que se passam na capital gaúcha.
Deu pra Ti, Anos 70 (1981), de Giba Assis Brasil e Nelson Nadotti
Um retrato da juventude classe média da Porto Alegre dos anos 1970, rodado em Super-8 e com músicas de Nei Lisboa e Augustinho Licks. Mostra os encontros e desencontros de Marcelo (Pedro Santos), que sonha em ser escritor, e Ceres (Cesres Victora), futura arquiteta. Os dois se cruzam em reuniões dançantes, saídas do cinema (o saudoso Cinema 1 — Sala Vogue, onde assistem a Amarcord, de Fellini), bares e lanchonetes (como o Alaska e o Rib's), acampamentos na praia (Tramandaí e Garopaba) e na frente do Araújo Vianna.
Coisa na Roda (1982), de Werner Schünemann
A rotina de quatro jovens estudantes que, no começo dos anos 1980, dividem um apartamento no centro de Porto Alegre é tensionada com a chegada de um quinto morador. O clima político da época, com o Brasil ainda sob a ditadura militar, é ilustrado pelas assembleias estudantis ambientadas no campus central da UFRGS. No elenco, entre outros, estão nomes como Rudi Lagemann, Nilo Cruz, Carlos Grubber e Pedro Santos.
Ilha das Flores (1988), de Jorge Furtado
Este curta é uma das produções cinematográficas mais premiadas da história da Capital. A ideia do filme, de acordo com a produtora Casa de Cinema, é mostrar o absurdo da situação onde seres humanos que, numa escala de prioridade, se encontram depois dos porcos. Mulheres e crianças que, num tempo determinado de cinco minutos, garantem na sobra do alimento dos porcos sua alimentação diária.
O filme é estruturado como um documentário científico. A câmera segue um tomate, desde a sua plantação até o consumo por uma criança da Ilha das Flores, passando pelo supermercado e pela casa de uma consumidora.
O Homem que Copiava (2003), de Jorge Furtado
A história do operador de xerox (Lázaro Ramos) que falsifica dinheiro para se aproximar de sua paixão platônica (Leandra Leal) se passa basicamente no Quarto Distrito, na Zona Norte — embora o diretor bagunce um pouco a geografia porto-alegrense.
O protagonista mora na esquina da Rua Moura de Azevedo com a Avenida Presidente Roosevelt, onde também ficam a antiga sede da Sociedade Gondoleiros e o fictício Banco Imobiliário. A livraria onde ele trabalha é, na verdade, a Bayadeira, no bairro Bom Fim. A loja onde a mocinha trabalha é, na verdade, a Tásken (na época, Casa Elsa), na Cidade Baixa. Cenas importantes acontecem à beira do Guaíba e na ponte sobre o Guaíba.
Cão Sem Dono (2007), de Beto Brant e Renato Ciasca
Dirigido por paulistas, é a adaptação do romance Até o Dia em que o Cão Morreu, de Daniel Galera, escritor paulistano que cresceu e radicou-se em Porto Alegre. Narra a história de Ciro (Júlio Andrade), um rapaz de 20 e poucos anos, tradutor desempregado por pura falta de ânimo, que é forçado a sair do isolamento físico e emocional quando um vira-latas e uma modelo (Tainá Müller) entram em sua vida.
O Centro é o principal cenário — o protagonista mora em um apartamento na esquina da Borges de Medeiros com a Demétrio Ribeiro. Também é um bom filme para ouvir Porto Alegre — a preparação de atores trabalhou bem o uso de sotaques e expressões típicas.
Quase um Tango (2009), de Sérgio Silva
Após sofrer um decepção amorosa, Batavo (Marcos Palmeira), homem simples que vivia na zona rural, viaja para Porto Alegre, onde recomeça sua vida e encontra um novo amor (Vivianne Pasmanter). Entre locais conhecidos da Capital que aparecem em cena, estão regiões do Centro, como a Rua Washington Luís, a Andradas e a Usina do Gasômetro, onde Batavo admira o por do sol.
Antes que o Mundo Acabe (2010), de Ana Luiza Azevedo
É uma adaptação de romance juvenil de Marcelo Carneiro da Cunha. Em uma cidadezinha do interior gaúcho vive Daniel (Pedro Tergolina), de 15 anos, que vive às voltas com descobertas da adolescência, como o primeiro amor e as aventuras ao lado do melhor amigo.
Ao receber cartas do pai que não conhece, Daniel sente o desejo de desbravar o mundo, ou pelo menos ir além do mundinho que conhece. O adolescente viaja a Porto Alegre, onde aparecem cenários como a Rua da Praia, a Praça XV e o Viaduto Otávio Rocha.
Menos que Nada (2012), de Carlos Gerbase
O Hospital Psiquiátrico São Pedro é um dos principais cenários deste drama psicológico sobre um misterioso paciente esquizofrênico Dante (Felipe Kannenberg) que tem seu passado investigado por uma jovem médica (Branca Messina).
Na busca pelas causas do trauma que levou Dante a surtar, o filme revela episódios traumáticos ocorridos anos antes, quando ele fez uma importante descoberta arqueológica, da qual se apropriou uma bela pesquisadora (Rosanne Mulholland) por quem se apaixonou.
Filme Sobre um Bom Fim (2015), de Boca Migotto
Ao abrir o documentário com um plano que funde presente e passado percorrendo a Avenida Osvaldo Aranha de ponta a ponta, o diretor Boca Migotto sintetiza a proposta de seu tributo ao icônico bairro de Porto Alegre — o plano sequência, quebrando a Osvaldo Aranha à esquerda na saída do Túnel da Conceição, espelha o de Deu pra Ti, Anos 70.
Com apoio de imagens de arquivo e depoimentos de dezenas de artistas, jornalistas, historiadores e frequentadores do bairro, Migotto destaca as diferentes faces que o Bom Fim viveu nas últimas décadas.
Entre os anos 1960 e 1970, a proximidade com a UFRGS fez dos bares da chamada "esquina maldita" (Osvaldo com Sarmento Leite), entre eles o Alaska, o Mariu's e o Copa 70, extensão tanto das discussões acadêmicas de contestação à ditadura militar quanto da diversão mundana impregnada pela revolução sexual, pelas ideias libertárias do movimento hippie e pelos bêbados alheios a tudo isso.
Na virada para os anos 1980, as turmas do teatro, do cinema e da música assopraram as brasas da inquietação e demarcaram seu território como sendo as proximidades da João Telles, no bar Ocidente e seus vizinhos Lola, João e Lancheria do Parque, além dos cinemas Baltimore e Bristol.
A Nuvem Rosa (2021), de Iuli Gerbase
Filha do cineasta Carlos Gerbase e da produtora Luciana Tomasi, Iuli Gerbase estreia na direção de longas com este filme premonitório em relação à covid-19. Escrito em 2017 e filmado em 2019, em Porto Alegre, retrata muitas situações e muitos comportamentos que se tornaram comuns ao longo destes 20 meses de pandemia.
Na ficção, a ameaça é uma nuvem rosa que mata as pessoas em questão de 10 segundos. Não há máscaras, e o confinamento é o único jeito de se salvar. Mas esta é uma ficção científica que não se interessa tanto pelas batalhas práticas, como a da busca por uma cura, nem investe na ação ou numa corrida contra o tempo. O foco da produção está nos conflitos psicológicos que afetam os personagens principais, uma mulher e um homem que tinham acabado de se conhecer quando a pandemia impôs o isolamento total. Giovana (Renata de Lélis) e Yago (Gustavo Mendonça) dormiram juntos após uma balada e acordaram forçados a serem um casal.