Diante de uma plateia lotada e extensas filas para acessar as arquibancadas do palco The Next Big Thing, no South Summit, três líderes de grandes empresas de comunicação do Brasil debateram, nesta sexta-feira (31), o futuro da área em meio às transformações promovidas pela tecnologia. Com a mediação do comunicador Luciano Potter, participaram do painel o CEO do Grupo RBS, Claudio Toigo Filho, o CEO do UOL, Paulo Samia, e a diretora-geral de negócios em publicidade do Grupo Globo, Manzar Feres.
Na primeira rodada, Toigo observou que as mudanças provocadas pela tecnologia trouxeram para a sociedade benefícios, como as redes sociais, e prejuízos, como é o caso das fake news. Para o CEO, é necessário encarar a tecnologia não como "o fim", mas como "o meio para fazermos coisas melhores":
— É questão de ter cuidado, mas a gente não deve ter medo. Na comunicação, há algumas empresas no mundo, não é o caso da RBS ainda, em que 70% do conteúdo já é feito por robôs e 30% é feito por seres humanos. E por que não é (tudo) feito por robô? Porque toca na questão essencial que é o contexto da sociedade, do que está acontecendo no dia a dia. E aí a gente começa a entender o papel da comunicação. Não é só conectar. O que está por trás dela é melhorar a vida das pessoas e fazer isso baseado em valores e pluralidade — afirmou.
Toigo ressaltou que o diferencial das empresas de jornalismo profissional ainda é o compromisso com os fatos:
— Para ser esse lugar que possa ser o guardião de uma discussão coordenada, saudável e segura com a sociedade, onde o contraditório ocorra e se busque a verdade, a gente precisa ser plural. E não adianta sabermos e querermos ser plurais se o público não percebe e não se reconhece. No fundo, o que faz a diferença é o conteúdo que você leva e, para isso, precisa ser conectado com esse público, não só digitalmente, mas com a percepção do que está acontecendo.
Questionada sobre como disputar a atenção dos consumidores em uma realidade na qual todos são capazes de entregar vídeos, fotografias, textos e áudios, a diretora-geral de negócios em publicidade do Grupo Globo disse que aposta na ideia de "parceria". Manzar Feres considera que é preciso entender que hoje existem "outros agentes no ecossistema" de comunicação, que também irão se manter.
— A gente está na disputa por atenção a todo momento. Todo mundo assiste a pelo menos duas telas ao mesmo tempo. O meio deixa de ser protagonista. O conteúdo, o produto, a marca, isso é que vai ser importante. Então, para se manter relevante você tem de jogar na sua fortaleza, entender aquilo que você tem e que ninguém mais tem. Mas qual é o seu modelo de negócio? Eu jogo na parceria. No fim, todos queremos falar com um consumidor que quer consumir o nosso negócio — analisa a executiva.
Provocado por Potter, o CEO do UOL afirmou que um dos principais desafios buscados pela empresa é oferecer conteúdo no formato adequado para cada momento do dia do consumidor. Samia aposta que as novas tecnologias irão amplificar cada vez mais esse tipo de iniciativa.
— O meio deixa de ser importante, mas o formato é muito importante. As pessoas consomem conteúdos em diferentes formatos ao longo do dia. Então, é importante o produtor de conteúdo profissional estar presente em todos os momentos de consumo de conteúdo ao longo da jornada diária do consumidor, em todos os formatos: podcast, vídeo, matérias rápidas. Hoje, a gente produz mais de 10 horas de conteúdo ao vivo diário. O UOL é praticamente uma TV também — disse Paulo Samia.