Conhecidos pelos filmes e pela participação em grandes torneios esportivos, os líderes de torcida — ou cheerleaders, em inglês — se desafiam com acrobacias e saltos aéreos que enchem os olhos de quem observa. Em Porto Alegre, quem frequenta o Parque da Redenção aos domingos já deve ter percebido um grupo que pratica este esporte amador realizando os treinamentos.
Batizada de Hellhounds, a equipe da Capital surgiu em 2018 e se vira para se manter com poucos recursos. Segundo a fundadora, Bruna dos Santos Pereira, 25 anos, o nome do time faz referência à mitologia grega, com os cães que guardam o mundo dos mortos de Hades, mas também aparece na tradição nórdica para indicar seres de proteção.
Diferente do estereótipo do cinema, não é necessário ter um tipo físico específico para participar dos treinamentos. Qualquer pessoa maior de 16 anos e com condições de saúde para participar de atividades esportivas de contato está liberada para ingressar na equipe.
— Por ser uma equipe de níveis iniciais, a gente ensina tudo o que a pessoa precisa saber. O requisto mesmo é tu estar disposto a treinar e se comprometer a aprender — garante Bruna, que estuda Educação Física e já fez treinamentos especializados para ajudar na segurança dos atletas.
A fundadora conta que já fez parte de uma equipe mais focada em dança com pompons, em 2017, mas queria desenvolver algo mais voltado para acrobacias e competição. Por isso, criou a Hellhounds do zero a partir de pessoas interessadas.
— Tivemos ajuda de uma equipe da engenharia da UFRGS, que hoje não existe mais, e depois fomos contratando outras pessoas experientes para ajudar — explica Bruna.
Em 2019, o grupo juntou recursos para chamar um treinador internacional, que trouxe formação sobre os passos básicos do esporte. Quatro atletas realizaram o curso, que foi ministrado por Benjamin Beltran, da seleção nacional do Chile.
Com a pandemia, a equipe diminuiu as atividades, mas agora quer voltar com tudo e até arriscar em algumas competições. No entanto, a dificuldade financeira pesa, principalmente porque 80% dos participantes são jovens de baixa renda.
— A grande maioria não tem dinheiro para pagar do próprio bolso, e a gente não cobra mensalidade. A gente treina na Redenção, não conseguimos apoio para teto ou patrocínio. A gente faz rifa, vaquinha, arrecadação na sinaleira que nem "bixo" de faculdade mesmo. E tem questões do treino do dia a dia, às vezes o pessoal não tem dinheiro pro almoço, então o pessoal vai se juntando e ajudando mesmo — comenta a líder de torcida.
Inscrições abertas
No próximo domingo (12), a equipe estará na Redenção recebendo novos integrantes e dando uma formação inicial. Quem quiser participar, pode entrar em contato pelo perfil no Instagram @hellroundscheerleaders para preencher os formulários e confirmar a inscrição.
Os treinamentos ocorrem todos os domingos (exceto em dias chuvosos), das 14h às 17h. O grupo costuma ficar entre o Arco ao Expedicionário e o espelho d'água.