A Polícia Civil identificou os autores dos atos de vandalismo e ataques a estabelecimentos comerciais registrados na madrugada do último dia 5 em Porto Alegre. Naquela data, 10 locais tiveram as vidraças quebradas em diferentes regiões da cidade — apenas um deles ainda não registrou boletim de ocorrência.
Em coletiva de imprensa no Palácio da Polícia, na manhã desta segunda-feira (17), a delegada Adriana Regina da Costa detalhou que foram identificados três envolvidos, todos de Porto Alegre. Eles não tiveram os nomes divulgados.
A apuração chegou primeiro a dois veículos, que aparecem em imagens de câmeras de segurança: um Audi sedan, de cor cinza, e um HB20 sedan, de cor marrom. Os dois pertencem a duas pessoas da mesma família, mãe e filho.
Após ouvir os proprietários dos carros, a polícia identificou que o motorista dos veículos na madrugada dos ataques era um jovem de 21 anos, filho e neto dos proprietários dos carros.
A investigação apurou que ele estava com dois amigos: um de 19 anos e um de 20.
Segundo a delegada, o grupo tinha planejado ir a uma festa naquela madrugada, mas não encontrou nenhum evento e decidiu cometer os atos de vandalismo:
— O grupo estava atrás de uma festa. Como não localizaram essa festa ou não tinha essa festa inicialmente proposta, passaram a andar pela cidade e, como tinham a arma dentro do veículo, resolveram efetuar esses disparos — informou a delegada Adriana, diretora do Departamento de Polícia Metropolitana.
— Trata-se de um ato de vandalismo praticado por jovens que não encontraram o que fazer naquela noite, como eles próprios assumem em depoimento. Tiveram a infeliz ideia de disparar contra vidraças de estabelecimentos comerciais da cidade, causando considerável prejuízo — detalhou o diretor da Delegacia de Polícia Regional de Porto Alegre, delegado Cléber Lima.
O trio chegou a trocar de veículo ao longo da madrugada, de modo que os dois foram usados nos ataques. O fato de nenhum objeto ter sido levado de dentro dos estabelecimentos reforçou a linha de investigação de que o grupo queria apenas cometer vandalismo, segundo a delegada Adriana:
— Desde o início já tínhamos a linha de investigação de vandalismo, porque alguns estabelecimentos não tinham objetos dentro deles, e em outros havia objetos e não foram furtados. Os objetos ficaram expostos com a quebra dos vidros, mas não foram levados pelos autores. Os locais foram escolhidos aleatoriamente, certamente as vidraças que chamavam mais a atenção.
A investigação ficou concentrada na 11ª Delegacia de Polícia, chefiada pelo delegado André Mocciaro. O motorista disse apenas ter conduzido os veículos, enquanto os outros dois confessaram ter efetuado os disparos, se revezando. A arma usada é do tipo airsoft, que é de pressão. Ela foi localizada pela polícia em um terreno após o depoimento dos autores.
O trio não será detido, pois não cabe prisão nesse caso, mas será indiciado pelos atos. A Polícia Civil continua com a investigação e busca identificar o prejuízo em valores dos estabelecimentos — o que será determinante para decidir se os atos configuram dano qualificado. Um alvo dos ataques — uma farmácia — relatou prejuízo de R$ 8 mil.
Os ataques começaram pouco depois da meia-noite do último dia 5 e se estenderam até depois das 3h. Foram quatro na Avenida Bento Gonçalves e dois na Avenida Oscar Pereira, além da Travessa Marechal Bormann, Rua São Luís, Rua Doutor Salvador França e Avenida Ipiranga. Entre os estabelecimentos que foram alvo, estão uma concessionária de veículos, uma farmácia, uma loja de esquadrias, uma loja de móveis e uma clínica.