Após negociações entre o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), o Ministério Público Federal e quilombolas, a construção de um conjunto residencial do quilombo do alto da Estrada dos Alpes — alvo de invasão no último fim de semana, como mostrou GZH — foi retomada nesta semana. As obras tinham começado em 2018, mas foram interrompidas ainda naquele ano, segundo os moradores, por questões burocráticas. A área tem, hoje, 50 unidades, entre casas que não tiveram início, residências já erguidas e em finalização. Elas se destinam a cerca de 400 pessoas.
No último final de semana, um grupo de 20 pessoas tentou invadir as residências inacabadas. Alguns dos invasores estavam armados, segundo os quilombolas, e só saíram após interferência da Brigada Militar. Desde então, PMs redobraram as rondas na região, para impedir novas ocupações ilegais.
A construção das 50 casas no quilombo foi interrompida de vez em 2021. O repasse de verbas pela Caixa Econômica Federal (CEF) foi suspenso, e a obra, paralisada. A interrupção aconteceu por descompasso entre a remessa de recursos e as construções feitas, diz a CEF. O banco faz a liberação de dinheiro, enquanto a construção está a cargo de uma cooperativa de moradores do quilombo, a Entidade Organizadora Associação do Quilombo dos Alpes D. Edwirges.
A CEF libera recursos conforme as medições. De acordo com Sergio Valentim, da Frente Quilombola, houve atraso nas obras em decorrência de chuvas e da pandemia e, em uma das medições, a meta de construção não foi atingida. Aí a Caixa trancou o recurso por um período e exigiu concretização da etapa para voltar a financiar. Agora os recursos voltaram a ser liberados para a cooperativa.
As máquinas da construtora que vai erguer as casas já começaram a trabalhar e, também, uma retroescavadeira da prefeitura. Ela vai arrumar o acesso ao quilombo, que é de chão batido. Uma antiga reivindicação dos moradores.