Quem tinha saudade de ver pessoas em kimonos e jovens alegres em seus cosplays pôde matar a vontade com a retomada do Festival do Japão, que deu a Porto Alegre três dias de imersão na cultura do país asiático, entre sexta-feira (19) e este domingo (21).
Realizado desde 2012 pela Associação Festival do Japão do Rio Grande do Sul, o evento ficou paralisado por dois anos durante a pandemia. Neste retorno, foi novamente sediado na Academia de Polícia Militar, no bairro Partenon, zona leste da Capital.
O festival foi dividido em quatro áreas: a dos bazares, com venda de artigos como kimonos e bonsais, a da cultura tradicional japonesa, a de cultura pop e a praça de alimentação. Com presença marcante do público neste domingo de sol, último dia do evento, todas estavam lotadas.
Circularam por lá brasileiros curiosos em conhecer os hábitos dos japoneses e os próprios japoneses saudosos de sua terra natal. Nascida em Hokkaido, Haru Tashima, 82 anos, vendia arranjos de sakura feitos de papel crepom rosado como forma de homenagear a flor de cerejeira, que é símbolo do seu país.
Já Yoshinaga Katsutoshi, 84 anos, observava de pé, com os braços cruzados atrás das costas, outros dois idosos japoneses disputarem uma partida de Go, jogo de tabuleiro muito popular no Japão. Vivendo em Porto Alegre há mais de 30 anos, o aposentado garante que o festival consegue reproduzir com fidedignidade a cultura de seu país.
— Está cada vez melhor — afirmou ele, em português. — Lembra muito o Japão — resumiu.
Pessoas comiam hot roll e frango frito a céu aberto e metaleiros vestidos de preto batiam cabeça ouvindo um rock que é a trilha sonora de Naruto.
Mas quem chamava a atenção eram os jovens perambulando com suas fantasias de personagens de animes, que são os desenhos animados japoneses, e de mangás, que são as histórias em quadrinhos.
Muitos são assíduos em eventos destinados a cosplays, como Verônica Webber, 24 anos, que estava vestida de Sophie, protagonista de O Castelo Animado (2005), do célebre diretor Hayao Miyazaki, também autor dos filmes Princesa Mononoke (1999) e A Viagem de Chihiro (2003).
— Esse Festival do Japão é o meu preferido em Porto Alegre. Tem tanto a parte de cultura pop quanto a da cultura tradicional. Une as duas coisas e é muito legal — disse, enquanto encarava uma extensa fila para comprar rolinhos primavera.
A criatividade era tanta que até o Thor apareceu por lá. Trajado como o herói nórdico que ganhou popularidade em HQ's e flmes americanos, Braian Alfonsin, 28 anos, garante que o Festival do Japão dá liberdade para que todos possam encarnem seus personagens, ainda que não sejam asiáticos.
— O Festival do Japão se tornou um evento para a cultura geek em geral, para todos os personagens ocidentais. Aqui, falamos de liberdade de expressão. Todos os cosplays se encontram.
De acordo com a organização, uma nova edição do Festival do Japão já foi confirmada para o ano que vem, no terceiro final de semana de agosto.