Encerrado o South Summit, que reuniu startups e investidores do mundo todo em Porto Alegre, a expectativa se volta para os resultados que essa aproximação vai gerar aos participantes em parcerias e investimentos. Efeitos práticos até aqui indicam que o evento foi uma vitrine para os empreendedores.
Diferentemente de outras feiras de negócios, os resultados de programações com o perfil do South Summit aparecem a longo prazo. Um dos objetivos do evento é estimular a rede de contatos.
— Quando falamos em investimento desse porte, de fundos investindo em startups, com certeza não é um Pix que acontece de um dia para o outro. Nesse primeiro momento, colocamos todas as startups em evidência. Agora, aos poucos, é que vamos vendo resultados de aproximação mais concretos — situa Bruno Bastos, presidente da Associação Gaúcha de Startups (AGS).
Os números até aqui dão indícios de negócios promissores. No total, o South Summit reuniu uma carteira de negócios de US$ 65 bilhões para investimentos na América Latina. A cifra bilionária é a soma de todo o recurso disponibilizado pelos fundos e investidores que estiveram na feira. Foram mais de 450 investidores presentes no evento, sendo 20 fundos internacionais.
Cerca de 20 mil pessoas circularam pelo Cais Mauá ao longo dos três dias de feira, com a presença de 7,5 mil empresas e mais de 2,5 mil startups.
— A startup que vai lá não necessariamente está buscando grana. Ela está se colocando em uma vitrine, seja para apresentar o produto dela para mais clientes, seja para buscar uma internacionalização ou investimentos diretos. São várias naturezas de investimentos possíveis, e esses atores todos foram conectados — acrescenta Bastos.
Nesse sentido, vários empreendedores que participaram do evento relatam ter recebido algum contato para reuniões posteriores e até visitas à sede das empresas.
Thiago Ribeiro, diretor-geral do South Summit, cita que foram mais de 2,5 mil reuniões realizadas em área específica montada no Cais, chamada 1:1, que permitia encontros privativos marcados via aplicativo do evento.
— Temos vários números que são bem importantes. Em termos de negócios, e o bacana é que conseguimos medir porque eles acontecem por meio do aplicativo, tivemos mais de 40 mil contatos entre empresas, fundos e startups durante os três dias — diz Ribeiro.
Por serem negócios que dependem de diligências e desdobramentos pós-evento, os organizadores do South Summit acreditam que nas próximas semanas será possível ter dados mais consolidados de volume de investimentos ou de possíveis rodadas que ainda venham a acontecer.
O presidente da AGS explica que o processo de aproximação entre startups e possíveis investidores passa por várias etapas, que podem levar meses para se concretizar em alguma parceria ou investimento.
Inicia de maneira informal, com a empresa nascente apresentando sua ideia. Num segundo momento, há a necessidade de o investidor verificar números, relatórios e indicadores. Quando o investidor de fato se interessa é que começam a ser marcadas reuniões para apresentar o negócio, de maneira mais formal.
— Depois que há uma certeza sobre investir ou não, entra um processo de diligências que pode levar cerca de três meses, considerando análise contábil, jurídica, tecnológica, financeira e psicológica do perfil dos fundadores — explica Bruno Bastos.