Desde que uma árvore caiu em cima da sua casa, em 25 de abril, o atendente de alarme Marcos Piter da Silva, 49 anos, tem enfrentado diversas dificuldades. De acordo com o morador, a árvore era uma figueira centenária que ficava na Rua José Luiz Martins Costa, acesso I4, perto da casa 52, no bairro Rubem Berta, em Porto Alegre.
Em 29 de abril, uma reportagem do Diário Gaúcho contou a história dele, que estava dormindo em um banheiro de forma improvisada, já que a estrutura da casa apresentava perigo de queda. Depois de três semanas, o morador, que tem deficiência visual (baixa visão), segue sem ter um local adequado para dormir.
Isso porque o banheiro que estava sendo utilizado passou a ter infiltrações. Assim, ele precisou comprar lonas para tapar uma área que era coberta antes da queda:
– Fiquei três ou quatro dias na cama por causa de um resfriado muito forte. Provavelmente, porque fiquei em contato com bastante umidade.
Perigo
O morador explica que a última visita que recebeu da equipe responsável por fazer a retirada dos galhos ocorreu no dia 12 de maio, durante cerca de 15 minutos. Na ocasião, explica, os servidores removeram um galho que impedia sua saída, já que ficava na frente da porta de casa. No entanto, ele afirma ter entrado em contato com a prefeitura desde o início de maio para solicitar as demais providências.
Como a casa ficou danificada pela queda do vegetal, ele espera ser ressarcido e ter sua residência reconstruída. A árvore em questão já apresentava sinais de fragilidade, e Marcos afirma ter registrado inúmeros pedidos de poda e retirada do vegetal. Um deles gerou o protocolo 001.029548.10.1, aberto em 2010:
– A pessoa que me atendeu informou que eu deveria entrar no site da prefeitura para pedir indenização. Mas, pra mim, é complicado. Por esse problema de visão, eu não consigo providenciar todos os documentos que pedem.
Além do risco para a própria vida, Marcos teme que a estrutura possa prejudicar vizinhos. Ele explica que uma das paredes da parte de cima da construção apresenta algumas rachaduras. Por isso, teme que possa cair em cima da casa que fica ao lado.
Quando a árvore caiu, Marcos conta que assinou um termo que dizia que os bombeiros não poderiam atuar enquanto os galhos não fossem retirados. Além disso, o documento afirmava que havia perigo de queda. Mas o morador questiona a falta de comunicação:
– Em momento algum (na primeira visita), me disseram verbalmente que eu teria algum lugar para ficar enquanto minha casa estivesse nessas condições.
No dia 18 de maio, uma equipe da prefeitura realizou nova visita. Na ocasião, Marcos afirma que um servidor da prefeitura perguntou se ele aceitaria ser beneficiado com o aluguel social. Além disso, outro servidor forneceu lonas para que ele colocasse nos locais que achasse necessário.
O que diz a prefeitura da Capital
Questionada pela reportagem, a prefeitura de Porto Alegre reforçou, em nota, que a queda da árvore ocorreu devido aos “constantes incêndios provocados na parte da fenda do tronco” e que três equipes da empresa terceirizada que presta serviço de podas atenderam à ocorrência com apoio dos bombeiros e da Defesa Civil.
O município diz ainda que, desde a quarta-feira, trabalha para a retirada dos resíduos restantes, mas “o serviço é complexo e exige tempo, já que o local é de difícil acesso e não há como usar caminhões e retroescavadeiras”.
A nota afirma que “todos os moradores atingidos pela queda da árvore foram atendidos pela Defesa Civil com distribuição de lonas, inclusive o morador Marcos Piter”, e que ele recusou a oferta de deixar a residência e ir para um abrigo.
Por fim, a prefeitura explica que, no dia do primeiro atendimento, “o morador não deixou a equipe entrar na casa e não comunicou suas necessidades para a subprefeitura da região”. Ainda assim, ele será encaminhado para atendimento social.
SAIBA COMO AJUDAR
/// O morador aceita doações de móveis como roupeiro, armários e colchão. Além disso, também precisa de materiais de construção. Para contribuir, entre em contato com Marcos pelo telefone (51) 98428-1021.
Produção: Guilherme Jacques e Kênia Fialho